Estudo: desmatamento matou mais de meio milhão de pessoas em 20 anos

Pesquisa analisou impactos do desmate em regiões tropicais; quase todas as mortes eram evitáveis.
29 de agosto de 2025
desmatamento matou mais de meio milhão de pessoas em 20 anos
Fonte: Reddington et al., Nature Climate Change (2025)

Um estudo feito por pesquisadores do Brasil, Reino Unido e Gana analisou a correlação entre desmatamento de florestas tropicais, aquecimento local e elevação da mortalidade. Publicado na última 4ª feira (27/8), o estudo mostra que a perda de florestas tropicais pode ser responsável pela morte de mais de meio milhão de pessoas em 20 anos. São 28 mil mortes por ano – quase todas evitáveis.

Como informou a Agência Brasil, a pesquisa inédita analisou dados de 2001 a 2020 de todas as regiões tropicais do mundo: Américas, África e Ásia. Segundo a investigação, 345 milhões de pessoas foram expostas ao aquecimento local resultante do desmatamento em regiões tropicais.

Em termos regionais, o aumento médio foi de 0,73oC nas Américas Central e do Sul, 0,75oC na África tropical e 0,61oC no Sudeste Asiático. As regiões com maior aquecimento coincidem com as áreas de maior perda florestal, contam Estadão e Fiocruz.

Os aumentos de temperatura podem parecer modestos, mas pesquisadores alertam para os danos diretos sobre a mortalidade. O Sudeste Asiático, por exemplo, lidera o impacto com 15.680 mortes por ano, impulsionadas principalmente pela vulnerabilidade da população da Indonésia ao calor.

A África tropical possui o maior número de pessoas expostas, mas apresenta menor vulnerabilidade térmica, totalizando 9.890 mortes por ano. Já as Américas Central e do Sul tropical, possuem forte aquecimento, mas com menor densidade populacional nas áreas afetadas, somam 2.520 mortes anuais.

As regiões que tiveram a cobertura florestal preservada apresentaram média de aquecimento de 0,20oC, enquanto áreas desmatadas chegaram a aquecer 0,70oC. O aquecimento reduz a atividade laboral e expõe milhares de trabalhadores a riscos de saúde, como doenças cardiovasculares.

A população mais pobre enfrenta dupla vulnerabilidade: as dificuldades de se proteger dos efeitos do calor e a precariedade dos sistemas de saúde. “Muitos trabalhadores rurais do Cerrado brasileiro, por exemplo, acabam sofrendo problemas de saúde com as consequências dessa perda”, explica a pesquisadora e coautora do estudo Beatriz Oliveira, da Fiocruz Piauí, em entrevista ao Metrópoles.

Um Só Planeta, VEJA, Pará Terra Boa, The Guardian, Euronews e Carbon Brief também noticiaram sobre o estudo.

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