
A cobrança sobre a Petrobras por investimentos em fontes renováveis não sensibiliza a sua presidente, Magda Chambriard. Mais de dois anos após a empresa criar a Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, a executiva deixou claro: não esperem muito da estatal nessa linha nos próximos 10 anos. A crise climática que espere.
Magda disse na 3ª feira (2/9) que as energias solar e eólica, bem como o hidrogênio verde, só entrarão nas prioridades da Petrobras depois de 2035, relataram Folha, Valor, Poder 360 e Click Petróleo e Gás. Até lá, pelo menos, o foco permanecerá em petróleo e seus derivados e gás. E como Magda já disse antes, a meta da empresa é extrair cada vez mais combustíveis fósseis.
Um dos objetivos, por exemplo, é intensificar a produção de diesel no país, o que significa mais investimentos em refino, a despeito das projeções de queda da demanda por petróleo a partir de 2030. Segundo Magda, a empresa planeja colocar 200 mil barris por dia a mais do derivado no mercado brasileiro.
O possível aumento da produção de diesel poderá diminuir a importação do derivado – embora seja um investimento alto que pode se tornar um ativo encalhado com a perspectiva de queda da demanda. Por outro lado, a ampliação da extração de petróleo não mira o abastecimento interno, pois o Brasil já produz mais petróleo do que consome. Para esse petróleo a mais, Magda afirmou estar de olho na demanda do mercado asiático, principalmente da China e da Índia, de acordo com Valor, Reuters e Bloomberg.
Para não ficar muito feio e admitir que a Petrobras jogou fora todos os seus planos para renováveis, Magda lembrou os investimentos previstos para o etanol. Segundo a eixos, a executiva explicou que intenção da empresa é “fundir o setor de petróleo com o agro” (oi?) ao retornar para o mercado do biocombustível. O que isso significa é uma incógnita.
O Plano de Negócios 2025-2029 da Petrobras previu US$ 2,2 bilhões para o retorno ao etanol. A petrolífera pretende entrar no segmento por meio de uma parceria com uma grande empresa do setor, ainda não definida. Mas, como a companhia está elaborando o plano 2026-2030, e diante do afã de Magda pelos combustíveis fósseis, não será surpresa se tal projeto não se concretizar.
Enquanto Magda segue na cruzada por produzir petróleo no Brasil “até a última gota”, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, segue cobrando um plano claro do país para eliminar os combustíveis fósseis. Com a exploração de óleo cru na Foz do Amazonas cada vez mais próxima, ela lembrou que todos os setores, da energia ao agronegócio, precisarão cumprir as metas de redução de emissões de gases estufa estabelecidas na NDC brasileira. O difícil é crer nisso.
No Estadão, Marina novamente defendeu que a Petrobras precisa “virar a chave” de seu perfil petrolífero, tornando-se uma empresa de energia. “As empresas que exploram petróleo têm que deixar de fazer e se tornar produção de energia. Defendo desde sempre que a Petrobras seja cada vez mais uma empresa de geração de energia e não apenas de exploração de petróleo”, frisou a ministra.



