O ódio à agenda climática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ataca outra vez – e com outra ameaça de tarifaço. A Casa Branca voltou a se manifestar com um tom de ameaça, através de um comunicado no qual instrui as nações a rejeitarem o acordo para reduzir as emissões do transporte marítimo, sob o risco de enfrentarem tarifas, restrições de visto e taxas portuárias de Washington.
Os países integrantes da Organização Marítima Internacional (IMO) aprovaram em abril um histórico plano de redução das emissões do setor de navegação, que responde por 3% de todos os gases-estufa emitidos no planeta. Trump tentou “melar” as negociações, mas não conseguiu. Nos últimos dias, porém, o Departamento de Estado dos EUA contatou membros da IMO alertando-os para não adotarem o “Net-Zero Framework”, informam Reuters, Bloomberg, Euractiv e Shipping Watch.
“Estamos explorando ativamente e nos preparando para tomar medidas corretivas, incluindo tarifas, restrições de visto e/ou taxas portuárias, caso essa iniciativa seja bem-sucedida”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA por e-mail. “Lutaremos arduamente para proteger o povo americano e seus interesses econômicos”, completou.
Não se sabe quantos países foram assediados pelo governo Trump. Mas o governo holandês recebeu uma advertência verbal de representantes do governo dos EUA, dizendo que a Holanda poderia enfrentar tarifas ou outras medidas retaliatórias se apoiasse a adoção do acordo, disse um porta-voz do Ministério de Infraestrutura e Gestão de Águas do país europeu.
Apesar das ameaças do “agente laranja”, a União Europeia informou que continua comprometida com a implementação do acordo. A cobrança de taxas pelas emissões do transporte marítimo “aumentaria as receitas necessárias para garantir que os combustíveis e as tecnologias necessários para a descarbonização estejam disponíveis comercialmente”, disse um porta-voz da Comissão Europeia.
Em tempo: O governo Trump recebeu sinal verde da Justiça norte-americana para cancelar mais de US$ 16 bilhões em subsídios concedidos a grupos de combate às mudanças climáticas, decidiu um tribunal dos EUA. A Lei de Redução da Inflação (IRA), de 2022, concedeu subsídios para ações de redução das emissões de gases de efeito estufa. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) sob o governo Trump tentou rescindi-los e foi questionada na Justiça. Mas, por 2 votos a 1, o Tribunal de Apelações para o Circuito do Distrito de Columbia decidiu que um juiz de instância inferior não tinha jurisdição para ouvir o caso movido por cinco das oito organizações que coletivamente receberam US$ 20 bilhões pelo programa do Fundo de Redução de Gases de Efeito Estufa da IRA. Reuters, NBC e CNN deram mais informações.
