
Não é só o ex-presidente Jair Bolsonaro a enfrentar o risco de bater ponto no xilindró. Um de seus escudeiros fiéis, o ex-ministro Ricardo Salles, também passará por um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, diferentemente do ex-chefe, os motivos são mais “tradicionais” por assim dizer. Corrupção pura e simples, e não tentativa de golpe de estado.
O ex-ministro do meio ambiente do governo Bolsonaro virou réu depois de ser acusado pela Polícia Federal de envolvimento em um esquema de contrabando de produtos florestais. Segundo o inquérito, o grupo emitia certidões e ofícios em desacordo com as orientações técnicas do IBAMA, com o objetivo de liberar lotes de madeira apreendida nos Estados Unidos. Ações de Salles na gestão do Ministério do Meio Ambiente teriam como propósito dar “ares de legalidade” à exportação de madeira extraída de forma ilegal.
O esquema foi desbaratado a partir da Operação Akuanduba, deflagrada em maio de 2021. O escândalo resultou na saída de Salles do governo federal. Em 2023, a ação chegou a ser arquivada, mas por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, o caso voltou a ser analisado pela Justiça. Agora, o próprio Supremo será o responsável pelo julgamento, seguindo o entendimento de que processos penais contra autoridades relativos a crimes cometidos no exercício do cargo e em razão dele permanecem sob foro privilegiado no STF. Além de Salles, outras 21 pessoas foram acusadas na denúncia.
Questionado, o ex-ministro e atual deputado federal por São Paulo criticou a decisão e contestou a denúncia, afirmando que “não há nada de novo”.
CNN Brasil, Folha, Metrópoles, O Tempo e SBT News, entre outros, repercutiram a notícia.
Em tempo: O Observatório do Clima (OC) montou um panorama das ações tomadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o clima, o meio ambiente e os Povos Tradicionais. Infelizmente, ele não será julgado por nenhuma dessas medidas, mas a lembrança é importante para ressaltar a situação dramática que seu governo deixou o meio ambiente no Brasil no final de 2022. “Se apenas alguns dos atos e das omissões dolosas do ex-presidente que serão listados abaixo pudessem ser individualizados e atribuídos a ele, Bolsonaro poderia pegar uns bons dez anos a mais de cana. Mas os prejuízos transcendem o STF”, disse o OC.



