Países africanos lamentam “promessas descumpridas” de nações ricas sobre financiamento climático

Líderes do continente reforçam que os países industrializados têm “obrigação legal” de fornecer apoio financeiro, mas seguem se omitindo. 
11 de setembro de 2025
países africanos lamentam “promessas descumpridas” de nações ricas sobre financiamento climático
Reprodução Instagram (@cop30nobrasil)

A 2a Cúpula do Clima da África se encerrou nesta 4a feira (10/9) na Etiópia com uma declaração que foca no principal desafio do continente para a ação climática: a falta de financiamento. Enquanto os líderes africanos criticaram a reticência das nações ricas e industrializadas de cumprir com seus compromissos financeiros internacionais, eles também reforçaram o interesse em buscar soluções próprias, voltadas às necessidades de seus países.

A Declaração de Addis Abeba reiterou que os países ricos estão se omitindo sobre suas responsabilidades internacionais no enfrentamento à mudança do clima, especialmente no fornecimento de ajuda financeira às nações mais pobres e vulneráveis. “[O financiamento climático] é uma obrigação legal, não uma caridade, conforme consagrado na Convenção da ONU sobre o Clima [UNFCCC] e no Acordo de Paris”, assinalou o texto.

“Exigimos compromissos e parcerias internacionais mais fortes para fechar o déficit financeiro”, defenderam os líderes africanos. A declaração também lembrou da importância da concessão de subsídios e doações ao invés de empréstimos, de forma a não agravar a já pesada dívida externa dos países africanos. Além disso, o texto trouxe um apelo aos bancos multilaterais de desenvolvimento para investirem mais no financiamento de baixo custo em projetos relacionados ao clima.

Apesar das reclamações, os líderes africanos aproveitaram o encontro em Addis Abeba para mostrar que, mesmo com as dificuldades, as nações do continente estão atuando como podem para mitigar suas emissões e adaptar suas infraestruturas para os impactos das mudanças climáticas.

Na abertura da Cúpula, um acordo entre financiadores de desenvolvimento africanos e bancos comerciais prometeu destravar cerca de US$ 100 bilhões para investimentos na geração de energia renovável. Outra proposta apresentada na Etiópia foi a criação de um Pacto Africano pela Inovação Climática, com a mobilização de US$ 50 bilhões anuais para soluções de energia, agricultura, água e transporte. Bloomberg e Reuters deram mais detalhes.

A Presidência da COP30 também marcou presença nas discussões em Addis Abeba. O presidente-designado da Conferência, embaixador André Corrêa do Lago, defendeu um alinhamento dos países africanos com os objetivos da COP de ampliar o diálogo e impulsionar a implementação dos compromissos internacionais.

“Quando a África fala com uma só voz, o mundo precisa ouvir”, defendeu Corrêa do Lago, que também reforçou a defesa do multilateralismo climático como um objetivo comum da Presidência da COP e dos países africanos. “Alguns atores ficariam felizes em ver o multilateralismo fracassar. Juntos, podemos provar que eles estão errados”.

Climate Home, Financial Times, Mongabay e TIME também repercutiram os resultados da Cúpula do Clima da África.

  • Em tempo: O sucesso da Semana do Clima e da Cúpula Africana em Addis Abeba colocou a Etiópia na liderança da corrida pela sede da COP32, em 2027. Segundo o Climate Home, o país do leste africano demonstrou estar preparado para grandes eventos internacionais, com boa infraestrutura, um processo de visto mais simples e maior apoio político. Esses pontos colocam a Etiópia à frente de seu único rival público até o momento, a Nigéria. Essa definição deve acontecer somente no ano que vem, na COP31 - que, aliás, segue sem definição de sede, com Austrália e Turquia disputando a indicação.

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