A Petrobras de que precisamos: relatórios indicam caminhos para a descarbonização da empresa

Apesar da baixa execução atual de investimentos em descarbonização, a Petrobras tem grande potencial para acelerar a transição energética justa.
17 de setembro de 2025
a petrobras de que precisamos
petrobrasqueprecisamos.eco.br

O cumprimento dos compromissos climáticos do Brasil depende de uma transformação crucial em sua principal companhia: para que as emissões brasileiras se reduzam no volume necessário para limitar o aquecimento global em 1,5oC, a Petrobras precisará deixar de ser uma empresa de combustíveis fósseis para ser uma empresa de energia. Esse é o diagnóstico de dois estudos divulgados nesta 3a feira (16/9), que traçam os caminhos para a descarbonização da Petrobras nas próximas décadas.

O primeiro estudo, elaborado pelos economistas Carlos Eduardo Young e Helder Queiroz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aborda os desafios e as alternativas para a descarbonização do portfólio de investimentos da Petrobras. Ele oferece insumos para a segunda análise, batizada de “A Petrobras de que precisamos”, fruto de uma análise conjunta de 30 organizações que compõem o Grupo de Trabalho em Energia do Observatório do Clima (OC).

O panorama traçado pelas análises revela que a Petrobras mantém uma estratégia de investimentos baseada na expansão da produção de combustíveis fósseis em detrimento de fontes renováveis de energia. Em seu plano de negócios 2025-2029, a empresa prevê investimentos de US$ 111 bilhões, dos quais menos de 10% (apenas US$ 9,1 bilhões) serão destinados a energias de baixo carbono.

Essa estratégia está na contramão do compromisso assumido pelo Brasil e pelos demais signatários do Acordo de Paris para fazer uma transição para longe dos combustíveis fósseis começando nesta década. Ela também contraria a Estratégia Nacional de Mitigação, parte do Plano Clima, que vislumbra a neutralização das emissões de gases de efeito estufa do Brasil até 2050.

A priorização dos investimentos na expansão em hidrocarbonetos deixa a Petrobras – e, por tabela, o Brasil – exposta ao risco de estouro da “bolha do carbono” na próxima década, com o potencial da empresa terminar com um encalhe maciço de ativos que não darão o retorno esperado. Por isso, segundo as duas análises, o momento atual é chave para a empresa definir o seu futuro – e o caminho para o progresso está na transição energética real para fontes renováveis.

De acordo com “A Petrobras de que precisamos”, o caminho para essa transição energética passa por um aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovação de biocombustíveis e hidrogênio de baixo carbono; retorno do investimento em distribuição e terminais de recarga para o consumidor final; alinhamento do plano de negócios com os objetivos mais ambiciosos do Acordo de Paris, da NDC brasileira e da Estratégia Nacional de Mitigação; a priorização de investimentos em fontes de baixo carbono, de forma a diversificar o core business da empresa; e a realocação de investimentos planejados em novas refinarias para ampliar a participação de novos combustíveis na matriz energética.

“A Petrobras é uma empresa sem dúvida muito importante para o país, mas que necessita internalizar a crise climática com muito mais vigor do que fez até agora. Seu plano de negócios pode e deve ser ousado na perspectiva da diversificação de atividades, com destaque para investimentos em energias de baixo carbono e na transição energética”, defendeu Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do OC e coautora do 2o estudo.

As análises tiveram grande repercussão na imprensa, com matérias em Bloomberg, Brasil 247, Canal Energia, g1 e Valor, entre outros veículos. 

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar