Setor bancário global continua financiando mais fósseis que renováveis

Para cada dólar destinado ao setor de combustíveis fósseis, fontes renováveis receberam apenas 89 centavos.
22 de setembro de 2025
setor bancário global continua financiando mais fósseis que renováveis
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Uma nova análise da BloombergNEF constatou que, apesar da emergência climática, o setor bancário continua financiando mais combustíveis fósseis do que fontes renováveis de energia. Para cada dólar alocado em petróleo, gás e carvão, apenas 89 centavos estão sendo investidos em energias de baixo carbono.

O quadro até melhorou em relação a 2021, quando essa distribuição era ainda pior – 75 centavos em energias renováveis para cada dólar desperdiçado em combustíveis fósseis. Mas esse aumento marginal é insuficiente: segundo a BNEF, para que o mundo consiga cumprir o limite de aquecimento global de 1,5oC definido no Acordo de Paris, é necessário que os bancos aloquem quatro vezes mais capital em projetos verdes do que em combustíveis fósseis.

O levantamento também ressalta que os números atuais são de 2024, ou seja, anteriores à volta do negacionista Donald Trump à Casa Branca. Em janeiro deste ano, o presidente dos EUA assinou uma ordem executiva destinada a reativar a indústria de combustíveis fósseis do país.

Apesar do crescente ceticismo do setor quanto à capacidade e à disposição dos governos de atingirem a meta de 1,5°C, a BNEF reconhece que, em 2025, os seis maiores bancos norte-americanos registraram uma queda de 15% nos empréstimos e na subscrição de títulos para petróleo, gás e carvão.

No cenário brasileiro, a tendência é semelhante. O Valor mostra que, mesmo diante da pressão por uma economia de baixo carbono, bancos brasileiros como Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e BTG Pactual continuam financiando setores poluentes como o de combustíveis fósseis, mineração, siderurgia, cimento e agropecuária.

A conta agora inclui novos setores, como os data centers e empresas de tecnologia, que também passam a ocupar espaço na discussão sobre emissões, já que aumentam consideravelmente a demanda por eletricidade e água para suas operações.

Os relatórios anuais dos cinco grandes bancos abordam o tema da descarbonização, mas em diferentes níveis de profundidade. Uma característica comum a todos é a política restritiva de financiamento ao carvão e a projetos em Terras Indígenas ou áreas desmatadas, principalmente no bioma Amazônia.

Mas o agronegócio ainda é o calcanhar de Aquiles dos planos de redução de emissões – responsável por, nada mais, nada menos, que 74% das emissões do país, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

Apesar de regulamentações mais rígidas do Banco Central e exigências de bancos multilaterais e de desenvolvimento para as linhas de crédito, os bancos reconhecem a dificuldade de engajar os setores que mais poluem.

  • Em tempo: Bancos multilaterais de desenvolvimento forneceram um recorde de US$ 137 bilhões em financiamento climático em 2024. Esse valor é 10% maior do que o do ano anterior e ajuda a aumentar em um terço o financiamento do setor privado a investimentos relacionados ao clima. Os bancos direcionaram a maior parte de seu financiamento climático – US$ 85,1 bilhões – para países de baixa e média renda. Os dados foram divulgados na semana passada pelo Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (EBRD). A Reuters deu mais detalhes.

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