
Como se esperava, a empreitada da Petrobras para perfurar um poço de exploração de combustíveis fósseis no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas, é só o início da “boiada fóssil” que a petrolífera quer passar na região. A empresa vai manter toda a estrutura disponibilizada para a perfuração do bloco 59 para uso em outros cinco blocos da bacia nos quais a estatal possui participação.
Além do 59, a Petrobras tem processos de licenciamento em andamento no IBAMA relativos às áreas FZA-M-57, 86, 88, 125 e 127. Segundo os documentos, aos quais o Valor teve acesso, a petrolífera pretende perfurar sete poços exploratórios nesses blocos: três no FZA-M-57, três no bloco FZA-M-88 e um no bloco FZA-M-127.
As áreas da Foz do Amazonas que também estão sob licenciamento junto com o bloco 59 foram arrematadas por um consórcio formado por Total, Petrobras e BP em um leilão realizado em 2013 pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) – na época, a diretora-geral do órgão regulador era Magda Chambriard, hoje presidente da petrolífera brasileira. A Total e a BP deixaram o consórcio entre 2020 e 2021, quando a estatal assumiu as áreas.
Além do centro de atendimento à fauna instalado em Oiapoque (AP), a estrutura usada pela Petrobras na Avaliação Pré-Operacional (APO) para obter a licença do IBAMA para o bloco 59 incluiu seis embarcações de contenção e recolhimento de óleo, seis embarcações para monitoramento, resgate e atendimento à fauna e três aeronaves. A simulação também envolveu a plataforma que será usada para perfurar o poço de petróleo, caso a autorização seja concedida, além de 400 profissionais.
A exploração da Foz do Amazonas e das outras bacias da Margem Equatorial, região que se estende do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte, virou a “menina dos olhos” dos defensores da exploração de petróleo no Brasil “até a última gota”, apesar da urgência climática. Um deles é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Mais uma vez, Silveira, que há mais de dois anos pressiona o IBAMA publicamente para que o órgão conceda a licença para a Petrobras para o poço no bloco 59, tenta associar o incerto e desconhecido petróleo da Foz ao avanço da transição energética no Brasil e ao desenvolvimento econômico e social brasileiro. O ministro disse que a região é o “novo pré-sal” do país, segundo o Valor.



