IBAMA determina à Petrobras compensação do impacto climático do pré-sal

Decisão inédita do IBAMA exige da empresa um plano com ações específicas contra mudanças climáticas no processo de licenciamento.
26 de setembro de 2025
ibama determina à petrobras compensação do impacto climático do pré sal
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pela primeira vez, a Petrobras será obrigada a compensar o impacto climático da sua produção de petróleo e gás fóssil. A exigência foi feita pelo IBAMA no processo de licenciamento da Etapa 4 do pré-sal, na Bacia de Santos, no litoral dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

A licença foi concedida pelo órgão ambiental em 15 de setembro, informa a Agência Pública, em matéria reproduzida pelo Nexo. Pela grande quantidade de gases de efeito estufa que o projeto emitirá, o órgão obrigou a Petrobras a apresentar um plano com ações específicas contra mudanças climáticas no processo de licenciamento como condicionante para liberar a autorização. 

Surpreendendo zero pessoas, a Petrobras relutou em atender à exigência do IBAMA, mostram os documentos do licenciamento analisados pela Pública. A empresa que se autointitula “líder da transição energética justa” em uma cara campanha publicitária só cedeu 14 meses depois do pedido inicial do órgão.

A Etapa 4 será o maior projeto de produção já implantado no pré-sal. Serão instalados 10 navios-plataforma, que, somados, extrairão quase 800.000 barris por dia (bpd) de petróleo, além de 75 milhões de m³ por dia de gás fóssil. O volume de petróleo equivale a 23% da atual produção brasileira do combustível fóssil.

Mas toda essa extração tem um alto custo climático. Sozinha, a operação da Etapa 4 poderá emitir mais de 7,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) por ano, de 2032 a 2042, segundo o IBAMA. Isso equivale a quase 1% da meta de emissões de todo o país para 2035 e a cerca de 9% da meta de emissões do setor de energia como um todo, conforme o órgão ambiental.

É importantíssimo salientar que estas emissões são relativas somente à operação. Se fosse contabilizada a queima dos combustíveis fósseis que serão extraídos, o volume seria quase 25 vezes maior, chegando a quase 180 milhões de tCO2e por ano, calcula Shigueo Watanabe Jr., pesquisador do ClimaInfo. Ou seja, o impacto nas mudanças climáticas ainda é infinitamente maior do que o cobrado da Petrobras pelo IBAMA.

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