COP30: governo fará campanha para evitar que evento vire “COP da Fumaça”

Movimentação se deve ao receio de que incêndios florestais aumentem em volume significativo até o fim do ano, assim como ocorreu em 2024.
3 de outubro de 2025
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Mayangdi Inzaulgarat/Ibama

O governo federal decidiu investir numa campanha publicitária para coibir os incêndios florestais no país. O objetivo é evitar o aumento dos focos de fogo – que em quase sua totalidade são de origem humana, e grande parte deles criminosos – justamente no período da COP30, em Belém.

A campanha está em fase de aprovação na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (SECOM) e deve ser veiculada ainda neste mês, informa o Valor. Ela foi motivada pelo receio de que os incêndios ganhem tração até o fim do ano, principalmente na região Norte, assim como aconteceu em 2024. O que, para o governo, poderia manchar a imagem da conferência do clima no Brasil.

O governo também aplicou um volume vultoso de recursos no combate ao fogo. O país terá o maior contingente de brigadistas federais da história, com 4.385 profissionais (sendo 2.600 do IBAMA e 1.785 do ICMBio). Com isso, o número de brigadistas em 2025 será 26% maior do que no ano passado. Além disso, o IBAMA dispõe de 11 aeronaves para combater as chamas.

A pouco mais de 30 dias para o início da conferência, o presidente Lula foi a Belém para verificar o andamento das obras, informam Cenarium, Diário do Pará e GZH. Lula chegou ontem (2/10) à capital paraense, onde permanece até esta 6a feira (3), fazendo visitas a várias estruturas da COP30.

O presidente reconheceu que Belém enfrenta problemas estruturais para sediar a conferência. No entanto, defendeu a realização do evento na cidade e disse mais uma vez que a conferência será a “COP da verdade”. “É preciso mostrar para o mundo o que é a Amazônia e o que é o Pará. Não vai ser a COP do luxo. É a COP da verdade, em que nós queremos saber se os presidentes do mundo estão preocupados com a questão climática”, disse, citado pelo g1.

Lula cobrou novamente os países ricos sobre financiamento. “Quero saber se o presidente Trump [EUA], se o presidente Xi Jinping [China], se o presidente Macron [França] estão preocupados em resolver o problema da situação climática. Para que a gente mantenha nossas florestas em pé é preciso que eles, que poluíram o mundo há muito mais tempo do que nós, resolvam pagar para que a gente possa dar qualidade de vida para o povo que mora na Amazônia”, afirmou.

Sobre os problemas com a hospedagem em Belém, que ainda ameaçam a presença das delegações de vários países, Lula disse que “vai dormir num barco”. De acordo com O Tempo, a expectativa da organização da COP30 é que a capital paraense tenha mais de 53 mil leitos disponíveis até novembro.

Os abusos nos preços de hospedagem em Belém são evidentes, tanto que foram parar na Justiça. Mas o Estadão destaca que a verba paga pela ONU para que países participassem das últimas conferências do clima foi entre 47% e 150% maior do que o valor para subsidiar a vinda para a COP30. Das últimas cinco COPs, só o valor pago no ano passado para Baku (US$ 194), no Azerbaijão, foi similar à verba paga para Belém (US$ 197).

  • Em tempo: Diante do nó sobre financiamento climático, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) se tornou a “menina-dos-olhos” do governo brasileiro para a COP30. No entanto, segundo Bloomberg e Bloomberg Línea, o fundo está atrasado, à espera da deliberação sobre como estruturá-lo. O principal roadshow para potenciais investidores estava marcado para setembro, mas ainda não foi realizado. E um evento que reuniria investidores durante a Semana do Clima de Nova York foi cancelado.

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