Áreas preservadas na Amazônia enfrentam aquecimento extremo

Na floresta densa, pássaros, insetos e demais animais são impactados por temperaturas 5°C mais quentes que o normal.
6 de outubro de 2025
Áreas preservadas amazônia aquecimento extremo
Barlow et al. (CC BY 4.0)

Um estudo inédito publicado na última 5ª feira (3/10) concluiu que mesmo as áreas onde não há desmatamento na Amazônia estão correndo risco provocado pelas mudanças climáticas. O estudo, realizado por 53 cientistas do Brasil e do exterior, analisou a evolução da temperatura e de índices como a secura do ar e o déficit de água da floresta em toda a bacia amazônica entre 1981 e 2023.

A descoberta mostra que, enquanto o planeta aqueceu mais de 1,2°C desde a Revolução Industrial, no centro-norte da floresta, em uma faixa que vai do Amazonas à Roraima, a temperatura aumentou mais de 3,3°C. O recorde é preocupante, pois essa região é uma das mais bem preservadas, com Unidades de Conservação, como o Parque do Jaú, e Territórios Indígenas, como a Waimiri-Atroari e a Yanomami, detalha a Agência Pública, que teve acesso antecipado ao estudo.

A escala inédita de temperatura traz estresse a animais e populações locais. “Períodos recentes excepcionalmente quentes e secos levaram a incêndios florestais sem precedentes, à mortalidade em larga escala de árvores, à mortalidade localizada de animais e a impactos negativos para o acesso humano a serviços e saúde”, ressaltam os pesquisadores, que compõem a Rede Amazônia Sustentável.

O estudo ainda está passando por revisão por pares para ser publicado em revista científica, mas a divulgação foi antecipada para chamar a atenção para os impactos das mudanças climáticas na Amazônia, em um contexto de aproximação da COP30.

“O que nosso trabalho mostra é que não é apenas com o sul da Amazônia que a gente tem de se preocupar. O foco nessa região é válido, por causa do grande desmatamento que ela já sofreu, mas vimos que o norte também está frágil, está mudando muito rapidamente e talvez não esteja adaptado para esse nível de calor e de seca”, afirmou Jos Barlow, principal autor do estudo.

“Isso reforça mais uma vez a necessidade urgente de reduções rápidas nas emissões de gases de efeito estufa e reforça os argumentos de que os países com altas emissões devem contribuir para intervenções de adaptação e conservação em regiões de florestas tropicais por meio de mecanismos como o Fundo de Resposta a Perdas e Danos ou iniciativas inovadoras como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre [TFFF]”, recomendam os autores ao final do trabalho.

  • Em tempo: Segundo o Ministério da Saúde da Espanha, o calor extremo do verão de 2025 causou o aumento de 87% nas mortes. O Sistema de Monitoramento Diário de Mortalidade (MoMo) estima que, entre 16 de maio e 30 de setembro, 3.832 pessoas morreram devido à temperatura excessiva. Foram registrados 870 episódios de nível 3 (risco elevado devido ao calor extremo) e 25 mortes por insolação. Na maioria dos casos, os indivíduos afetados apresentavam fatores de risco (como doenças crônicas ou uso de medicamentos sensíveis ao calor), exposição ocupacional ou de lazer e situações sociais vulneráveis, como morar sozinho ou em casas sem ar-condicionado. Bloomberg, Swiss Info e Clarin dão mais detalhes.

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