
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em Inglês) está entre os finalistas de 2025 do Prêmio Earthshot, iniciativa da Coroa Britânica para estimular soluções ambientais. O anúncio feito neste sábado (4) ressaltou que foram mais de 2,4 mil projetos inscritos, 232 deles vindos da América do Sul e 142 do Brasil. Caso o TFFF ganhe, ele pode angariar R$ 7 milhões.
O mecanismo foi criado pelo governo brasileiro, com apoio de dez países e de representantes de Povos Indígenas e comunidades locais, e atribui valor às florestas em pé, ao criar um financiamento de proteção. Com previsão de lançamento na COP30, o TFFF oferece incentivos de longo prazo a países tropicais por manutenção e conservação das florestas. A ação busca proteger mais de 1 bilhão de hectares de floresta, em mais de 70 países. Por ser uma iniciativa que partiu do governo brasileiro, quem o representará na premiação será a ministra Marina Silva.
O TFFF tem gerado polêmica. Para Adilson Vieira e Pedro Ivo Batista “A ideia é simples e sedutora: transformar a floresta em ativo financeiro, inseri-la no mercado de capitais como se fosse uma ação que concede dividendos ambientais. Mas é justamente nessa sedução que reside a armadilha.” Vieira e Batista criticam, principalmente, o valor esperado de US$ 4 por hectare (“ridículo diante da escala dos serviços ecossistêmicos que se pretende monetizar”) e a não destinação direta dos recursos “às comunidades, Povos Indígenas ou movimentos que guardam as florestas.” Os pagamentos, segundo eles “são dirigidos aos Ministérios das Finanças dos países participantes, que decidirão como alocar esses fundos internamente”, sendo que apenas “alguma porcentagem ou no mínimo 20%” seria repassada aos Povos Indígenas e comunidades locais”.
A proposta que deu origem ao TFFF foi idealizada por Tasso Azevedo, Beto Veríssimo e Pedro Moura Costa em 2022. O mescanismo de incentivo à manutenção e ao incremento de florestas na região tropical desenhado pelos três previa um pagamento de US$ 30 por hectare e era conjugado a um mecanismo de desincentivo ao desmatamento, que previa um desconto de USD 3 mil por hectare desmartado. Os recursos para a viabilização do fundo, na ideia original, deveriam vir do petróleo e de outras indústrias intensivas em recursos naturais ou grandes emissores.
Voltando ao prêmio, além do TFFF, concorre na mesma categoria (“Proteger e Restaurar a Natureza”) a iniciativa Re.Green, uma startup de restauração florestal que está recompondo áreas da Mata Atlântica gerando créditos de carbono, de acordo com O Globo.
A premiação do “Nobel do Meio Ambiente” acontecerá dia 5 de novembro, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, e contará com a presença do príncipe William, informa a Folha. O Prêmio Earthshot foi criado em 2020. Essa não é a primeira vez que uma iniciativa brasileira tem destaque: a organização brasileira Belterra, que ajuda pequenos e médios produtores a restaurar florestas em Mato Grosso, venceu a premiação em 2023.
Valor, Capital Reset e Exame também falaram sobre a nomeação do TFFF para o Earthshot.
Em tempo: Mas nem tudo são flores para o TFFF. Segundo reportagem da Folha, o fundo ainda vive uma incerteza, com atraso no cronograma para o seu lançamento na COP30. O Brasil busca arrecadar US$ 125 bilhões para pagar aos países para proteger suas florestas tropicais, porém o principal evento para potenciais investidores, inicialmente programado para setembro, ainda não foi realizado. Além disso, um evento com investidores durante a Semana do Clima de Nova York foi cancelado. As críticas do governo Trump sobre investimentos com clima têm sido uma dos reveses do multilateralismo nessa agenda.



