
Um novo relatório do Fórum Econômico Mundial produzido em colaboração com o Boston Consulting Group alerta para as perdas de produtividade devido aos impactos das mudanças climáticas na saúde humana. O risco é de, pelo menos, US$ 1,5 trilhão (mais de R$ 8 trilhões) até 2050.
O estudo analisa como a deterioração da saúde, como interrupções no trabalho, doenças e mortes, impactará quatro setores-chave: alimentação e agricultura; meio ambiente construído; saúde e saneamento; e seguros. Somente os três primeiros somam R$ 8 trilhões, sugerindo que o valor pode ser maior, informa O Globo.
No setor da alimentação e agricultura, por exemplo, os especialistas listam impactos como calor, desidratação e doenças transmitidas que podem resultar em perdas de até US$ 740 bilhões (R$ 4 trilhões). Na construção, a exposição prolongada a altas temperaturas pode gerar perda de US$ 570 bilhões (R$ 3 trilhões) e no setor de saúde e saneamento, US$ 200 bilhões (R$ 1 trilhão).
Para o físico Paulo Artaxo, saúde e clima são indissociáveis. N’O Globo, o pesquisador, que compõe o seleto time de especialistas do painel de cientistas do clima da ONU (IPCC), lembra que os eventos climáticos estão aumentando drasticamente e vão exigir, principalmente no Brasil, uma readequação do sistema de saúde.
“Não é só pelo aumento da temperatura, mas também pela alteração de vetores de doenças, impactos na população mais idosa com problemas cardiovasculares e por aí afora. Precisamos nos adaptar ao novo clima o mais rápido possível e da maneira mais intensa possível”, reforçou.
As mudanças climáticas também podem levar quase 160 milhões de mulheres à pobreza extrema, indica uma análise da ONU. Isso significa viver com menos de US$ 2,15 (R$ 12) por dia. Além disso, cerca de 310 milhões de mulheres podem estar vivendo diariamente com US$ 3,65 (R$ 20), e outras 422 milhões com US$ 6,85 (R$ 37) diários, detalha a CNN Brasil.
As crianças também integram a população mais vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Um relatório do Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), feito com base em informações do Observatório de Clima e Saúde da Fiocruz, indica que as crianças brasileiras nascidas em 2020 enfrentarão, ao longo de suas vidas, quase sete vezes mais ondas de calor e quase três vezes mais inundações e perdas agrícolas do que as nascidas em 1960.Os impactos das mudanças climáticas já são sentidos também na saúde mental. O g1 destaca um estudo sobre as crianças atingidas por enchentes e secas no arquipélago do Marajó (PA). Um a cada quatro adolescentes apresentou sintoma de sofrimento. Entre pais e professores, o número superou a metade.



