Pré-COP avança, mas não desarma “bombas políticas” para Belém

Apesar do embate sobre combustíveis fósseis e financiamento, países demonstraram disposição para negociar, avalia a presidência da COP30.
16 de outubro de 2025
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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Após dois dias, a Pré-COP, evento preparatório para a COP30, terminou com velhos fios ainda desencapados para a Conferência em Belém. Como de costume, o financiamento climático e a eliminação dos combustíveis fósseis provocaram embates. Mas houve avanços em adaptação. E a avaliação é que as nações estão dispostas a negociar pontos sensíveis.

O risco de um impasse na definição da agenda oficial, que deve ser adotada por consenso antes do início das discussões, persiste, segundo o Capital Reset. “Não está fora de perigo”, disse Ana Toni, diretora-executiva da COP30. Mas os diplomatas brasileiros afirmam ter encontrado um “clima mais construtivo” entre as 67 delegações que estiveram em Brasília.

As reuniões reforçaram que as principais divergências são o financiamento e os combustíveis fósseis, informam Folha e Estadão. O segundo tópico gerou discussão quando diplomatas da Arábia Saudita reagiram energicamente a declarações, inclusive brasileiras, em defesa do “transitioning away” do uso de petróleo, gás e carvão, como estabelecido na COP28, em Dubai, em 2023.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, citou a decisão da COP de Dubai na plenária sobre transição justa, onde defendeu o fim dos subsídios “ineficientes” para os combustíveis fósseis. “A decisão representa um chamado para eliminar progressivamente os subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis. Hoje, esses subsídios variam de 1,5 a 7 trilhões de dólares, a depender da metodologia.”

Quanto ao financiamento, Marina elogiou novamente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mas cobrou os US$ 1,3 trilhão anuais, informa o Brasil de Fato. “Tenho certeza que, com o apoio dos economistas, do ciclo de finanças e de todas as manifestações aqui, haveremos de traçar esse mapa do caminho para viabilizar os meios de implementação. Não existe como falar de COP da implementação se não tivermos os meios para isso, os meios financeiros, os recursos humanos e também recursos tecnológicos”, afirmou.

Os indicadores para adaptação climática foram outro tópico importante da Pré-COP. Apesar das divergências, foi estabelecido um cronograma para avançar em Belém. Parte dos países tem intenção de definir os indicadores já na 1ª semana da COP30, com a implementação ficando para a semana seguinte.

No campo diplomático, a União Europeia foi cobrada pela ausência de sua meta climática. A participação ativa de China e Índia no encontro foi uma surpresa positiva, segundo O Globo. No fim, ficou evidente que o boicote do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à agenda climática não desmantelou as negociações.

Não à toa o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, reforçou que o fortalecimento do multilateralismo será “central” na conferência, informa o Valor. E se o “agente laranja” estará longe de Belém, prefeitos de cidades dos EUA estão assumindo o protagonismo climático no país e deverão participar do evento, informa a Folha.

Bom Dia Brasil, Metrópoles, Um só planeta, CNN, Agência Brasil e Cenarium também repercutiram os resultados da Pré-COP.

  • Em tempo: A percepção nacional positiva sobre a COP30 alcançou 21% das postagens nas redes sociais nos sete primeiros dias de outubro, mostra uma pesquisa feita pela Quaest para O Globo. É mais do que entre julho e setembro, quando a percepção positiva era de 13%, informa a Exame. Ainda em outubro, o sentimento negativo chegou a 26% das menções no Brasil, com 53% neutras. Já no exterior, o sentimento negativo supera o dobro do positivo, segundo a Quaest: 17% das postagens eram positivas, ante 37% negativas e 45% neutras.

    No Brasil, os principais temas nas postagens críticas foram custos elevados, risco de colapso da saúde, problemas sanitários de Belém e impactos ambientais nas obras para o evento. Já as críticas internacionais mencionaram uma organização “confusa”, que dificulta a participação e pode atrapalhar as negociações, além de queixas à infraestrutura da capital paraense.

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