
O Brasil lançou na 4ª feira (15/10) o relatório dos ministros de finanças da COP30 durante os encontros anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial em Washington. O documento de 111 páginas traz propostas para o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, que apresentará alternativas para destravar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais para investimentos verdes até 2035.
O Círculo dos Ministros de Finanças da COP30 é composto por representantes de 35 países. Entre os signatários do documento apresentado anteontem estão China, Reino Unido, Espanha, Itália, Alemanha, França, Emirados Árabes Unidos, México e Canadá, informa a CNN. “Cada ano de atraso na ação climática aumenta tanto o investimento necessário quanto os riscos enfrentados”, disseram os ministros do grupo, em comunicado.
O relatório apresenta cinco diretrizes para a ação coletiva: aumentar os fluxos de financiamento concessional e os fundos climáticos; reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento; fortalecer os bancos nacionais de desenvolvimento e as plataformas nacionais; atrair capital privado com novas soluções financeiras; e incluir o risco climático nas regras financeiras e aprovar taxonomias e mercados de carbono, detalha o Valor.
Responsável por divulgar o relatório nas reuniões do Banco Mundial e do FMI, a secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, disse à Reuters que o intuito foi integrar as políticas climáticas às macroeconômicas. Foi a forma encontrada para que as finanças não fossem vistas como obstáculos, mas que pudessem contribuir com soluções.
O documento indica que hoje apenas 10% do total global de financiamento climático chega a países emergentes. E menos de 5% é direcionado à adaptação.
Especialista em clima e líder de estratégia do WWF-Brasil, Tatiana Oliveira avalia que o documento avança na consolidação de uma narrativa político-diplomática sobre a necessidade de coerência global entre as finanças públicas e privadas para viabilizar a descarbonização. No entanto, deixa a desejar no fortalecimento das finanças públicas como pilar estrutural da resposta à mudança do clima, destaca o Valor. “Os temas de adaptação e perdas e danos, historicamente subfinanciados, continuam insuficientemente apoiados por mecanismos públicos previsíveis, altamente concessionais e genuinamente novos”, explicou.
Para o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, a participação do setor privado é crucial para o sucesso do financiamento climático, já que teria potencial para multiplicar por até 25 vezes seus investimentos em tecnologias de transição energética até 2035, destaca a Rádio Itatiaia. Além disso, Corrêa do Lago menciona estudos que comprovam a possibilidade de bancos multilaterais triplicarem sua capacidade de empréstimo. No entanto, ele declarou à CNN que não será possível atingir a meta de US$ 1,3 trilhão na conferência em Belém.
A diretora executiva da COP30, Ana Toni, reconheceu que uma das discussões a respeito do financiamento é o risco de endividamento dos países, relata IstoÉ Dinheiro.
Folha, Agência Brasil, Money Times e Brasil 247 também noticiaram o relatório do Círculo de Finanças da COP30.



