
Em entrevista à Folha, a embaixadora britânica no Brasil, Stephanie Al-Qaq, comentou sobre a importância da COP30 para fortalecer o multilateralismo. A diplomata acredita que o sistema é a melhor forma de representar o maior número de pessoas de forma justa, apesar de estar sob forte ataque.
“Opositores preferem o status quo ou minar completamente o sistema multilateral e acabar com ele. Por isso, à medida que avançamos com a reforma, seja da ONU ou das instituições financeiras internacionais, precisamos fazê-la de uma maneira que não destrua todo o sistema”, declarou.
A diplomata ainda elogiou os sistemas públicos de saúde do Brasil (SUS) e do Reino Unido (NHS). E a saúde é um tema considerado pela sociedade civil como essencial para a COP30.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a crise climática será responsável por aproximadamente 250 mil mortes anuais entre 2030 e 2050 por desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Os serviços de saúde serão drasticamente afetados, com custos adicionais da ordem de US$ 2 bilhões a US$ 4 bilhões por ano.
Por isso, 250 organizações e profissionais de saúde enviaram uma carta à presidência da COP30 na 6ª feira (17/10), informa a Folha. Intitulada “Pela Saúde no Centro da Ação Climática”, a carta traz propostas para que a saúde pública seja tratada como eixo estratégico nas negociações em Belém.
A COP30 terá eventos dedicados ao tema, com a participação de variados atores. “Haverá eventos com parceiros estratégicos, como o Ministério da Saúde, mas também com financiadores, como fundações que têm uma grande entrada na saúde, como a Fundação Gates, Fundação Rockefeller e a Wellcome Trust, que há muito tempo financiam questões de adaptação”, explicou Ethel Maciel, enviada especial para a Saúde da conferência do clima.
Além da saúde, a alimentação é outro setor que sofre impactos das mudanças climáticas. Em evento promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) há alguns dias, o presidente Lula afirmou que “um planeta mais quente será também um planeta com mais fome”.
A Agência Pública lembra as comunidades ribeirinhas e indígenas privadas de peixe e com roças inutilizadas durante a seca de 2024 na Amazônia. A região é uma das mais afetadas pela crise climática, e o Pará, que receberá a COP30, é o estado com maior número de pessoas em situação de insegurança alimentar.
A desigualdade tem sido a grande perpetuadora da fome no país. Ainda há 5 milhões de desnutridos, ante 200 mil milionários que viram a curva de seus rendimentos se acelerar em nível bem superior às outras faixas de renda. Com as mudanças climáticas agravando a vulnerabilidade, o governo precisa rever as regalias ao agronegócio, que responde por 70% das emissões nacionais.
Mas, globalmente, o setor que precisa pagar sua conta com o clima é o dos combustíveis fósseis, lembram Paulo Artaxo e Thelma Krug n’O Globo. E embora o tema não esteja oficialmente na pauta, a COP30 é o lugar ideal para isso ocorrer, destacam os especialistas.
“Sem enfrentar a principal causa da crise, a produção e a queima de combustíveis fósseis, qualquer avanço nas demais áreas se torna insuficiente. A transição energética justa busca isto: descarbonizar a economia e promover o uso de fontes renováveis de energia, como solar, eólica e hidrelétrica, de forma equilibrada, inclusiva, justa e sustentável. Muitos países têm concentrado suas estratégias em florestas, quando o foco deveria ser nas discussões sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis”, reforçam.
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Em tempo 1: A Flotilha Amazônica Yaku Mama começou em 16 de outubro uma viagem de 3 mil km de Coca, no Equador, até Belém. A iniciativa conta com 60 organizações que navegarão pelo rio Amazonas exigindo Justiça Climática e o fim da exploração de combustíveis fósseis na região, detalham Noticias Ambientales e Brasil de Fato.
Em tempo 2: Belém passou, no último sábado (18/10), por um teste de segurança e logística em preparação para a COP30. O objetivo foi garantir a escolta e o trajeto seguro de chefes de Estado e autoridades internacionais que estarão no evento. O treinamento envolveu diversos órgãos, como a PRF, Detran, Guarda Municipal de Belém, Polícia Militar, Ministério da Defesa, Comando Marajoara e SEAP, em um esforço integrado para testar rotas e tempo de resposta durante deslocamentos oficiais, informa a CNN Brasil.



