Meta de adaptação gera impasse em negociações da COP30

A presidência da COP prorrogou consultas com delegações de países e blocos sobre como incluir o financiamento na agenda formal de negociações.
13 de novembro de 2025
adaptação tufão paraná
Corpo de Bombeiros Militar do Paraná

Depois do bem-sucedido acordo para destravar a agenda da COP30 e iniciar os trabalhos dos negociadores já no primeiro dia do evento, a Presidência da Conferência do Clima adotou um “otimismo cauteloso” ontem (12/11). Afinal, a insatisfação dos países em desenvolvimento com a falta de financiamento das nações ricas ameaça o andamento de um dos acordos mais esperados para a COP: a aprovação dos indicadores da Meta Global de Adaptação (GGA, sigla em Inglês), relatam Sumaúma e Agência Brasil.

Os países tentam chegar a um consenso sobre 100 indicadores globais, ponto de partida para avaliar se estão avançando em ações de adaptação e resiliência. Porém, segundo observadores que acompanham as negociações, o Grupo Africano, que representa 54 nações do continente, defende estender o trabalho técnico por mais dois anos e postergar a decisão final para 2027 – o que preocupa países e observadores, pois pode atrasar a definição da GGA.

A diplomata Liliam Chagas, chefe da equipe de negociadores do Brasil, disse que fará tudo para que o documento sobre adaptação seja aprovado por consenso: “É um mandato para este ano. Achamos que uma das maneiras concretas de reforçar o multilateralismo é cumprir esse mandato”, afirmou.

As últimas ações justificam o “otimismo cauteloso” mencionado por Túlio Andrade, chefe de Estratégia e Alinhamento da presidência da COP30, informam O Globo e CBN. “No domingo [véspera do início da conferência] os países estavam muito longe uns dos outros, mas estão se aproximando. Eu falaria em um otimismo cauteloso. A boa notícia é sobre a mudança da dinâmica. Temos um diálogo saudável que não temos visto há muito tempo.”

A presidência da COP30 prorrogou as consultas a países e blocos sobre como abordar o financiamento na agenda formal de negociações. As consultas, a portas fechadas, começaram na 2ª feira. Uma plenária foi convocada para o fim da tarde de ontem para anunciar uma solução. Mas, na reunião, o presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, anunciou apenas que as consultas foram prorrogadas até sábado, quando haverá uma nova plenária.

Em coletiva na noite de 3ª feira (11/11), a diretora executiva da COP30, Ana Toni, já havia dado a pista, dizendo que as negociações estavam sendo “intensas”. Ela contou que temas como gênero e transição energética justa tiveram bons avanços na conferência, informam Valor e Folha PE.

“Todos os tópicos são importantes nessa negociação, mas hoje [anteontem], como eu disse, os dois tópicos que andaram um pouco mais foi o de gênero e o de transição justa. No tópico de gênero, foi pedido para os facilitadores trazerem um novo texto mais limpo. Já há muito corpo no tema de transição justa. O G77 acordou, teve uma posição conjunta no tema do mecanismo para uma transição”, afirmou.

O G77 apresentou uma proposta defendendo a criação de um instrumento oficial da ONU para garantir que a transição energética seja inclusiva. Na proposta, o novo mecanismo teria o objetivo de fortalecer o diálogo social e a integração de justiça climática e equidade, colocando as pessoas, e não o lucro das empresas, no centro das ações climáticas.

Por conta dessa posição, a Climate Action Network (CAN), que desde 1999 confere o prêmio “Fóssil do Dia” às delegações que tomaram decisões consideradas ambientalmente equivocadas, surpreendeu e decidiu conferir o oposto da “premiação”, conta a CNN. O prêmio “Raio do Dia”, que premia uma ação apontada como correta, foi dado à coalizão do G77 e China.

Mas bastaram 24 horas para a CAN voltar às tradições. Ontem, a rede de organizações climáticas concedeu o “Fóssil do Dia” para o Reino Unido, porque o país bloqueou o avanço das discussões sobre transição justa, informa o g1.

  • Em tempo: O governo brasileiro apresentou na COP30 o Plano de Aceleração de Governança em Multinível, para integrar ações climáticas de municípios, estados, governo federal, com o apoio de organizações sociais e iniciativa privada, informam Agência Brasil e Exame. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a ideia é ter uma abordagem mais integrada das políticas e buscar sinergias entre as agendas de adaptação, mitigação e transformação dos espaços urbanos para enfrentar as mudanças climáticas.

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