
A CEO da COP30, Ana Toni, defendeu o desenvolvimento de meios inovadores de financiamento climático, principalmente para iniciativas de adaptação. A agenda é uma das mais desafiadoras da conferência do clima, já que, como de costume, os países ricos não querem pagar aos países em desenvolvimento por seu estrago histórico ao clima do planeta.
“Essa é a COP da implementação, mas isso não é possível sem financiamento”, lembrou Ana. “Precisamos pensar em instrumentos criativos para ajudar os países em desenvolvimento”, disse a diretora-executiva, ressaltando que o foco deve ser na adaptação, pois já existem mais opções disponíveis para projetos de mitigação.
A declaração de Ana foi feita durante o lançamento da “Iniciativa de Dívida com Múltiplas Garantias para a Resiliência”, contam UOL e Times Brasil. O projeto foi concebido como forma de expandir o uso de swaps [trocas] de dívida como ferramenta para desbloquear novos financiamentos para a resiliência e a adaptação às mudanças climáticas, detalha a Isto É Dinheiro.
A iniciativa conta com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco do Desenvolvimento do Caribe e do Banco de Desenvolvimento da América Latina. “Está claro que os bancos multilaterais de desenvolvimento são um componente central das soluções para o financiamento climático”, reforçou a CEO da COP30.
O Jota destaca uma análise da secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e um dos principais nomes da pasta para a agenda climática, a embaixadora Tatiana Rosito. Segundo ela, é preciso construir mecanismos “pré-arranjados” para lidar com eventos climáticos extremos. Tatiana citou as enchentes históricas do Rio Grande do Sul em maio de 2024, quando houve necessidade de mobilização rápida e emergencial de recursos.
Os números mostram que a inação custará cada vez mais do que adaptar e mitigar. A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) deve lançar nos próximos dias o estudo “Radar de Eventos Climáticos e Seguros no Brasil”, no qual mostra um prejuízo anual da ordem de R$ 60 bilhões causado por eventos climáticos no país. O principal setor afetado é o agronegócio, segundo o estudo.
Em tempo: Apesar da primeira semana da COP30 ainda não ter terminado e das negociações terem começado a emperrar, a diretora do clima do Itamaraty, Liliam Chagas, e o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, estão confiantes quanto à possibilidade do evento ser concluído no prazo, no fim da tarde ou início da noite de 6ª feira (21/11) - feito que não acontece desde 2003. "Vamos nos esforçar bastante. Temos alguns bons indícios. É um processo conduzido pelos países, e eles têm sido muito construtivos", afirmou Corrêa do Lago. A última edição, em Baku (Azerbaijão), ultrapassou o horário em 36 horas, lembra a CBN.



