
A divisão de decisões em pacotes faz parte da estratégia da presidência brasileira para tentar destravar pontos desafiadores.
Para avançar com quatro pontos “polêmicos” nesta semana decisiva da COP30, a presidência brasileira alinhou na 2ª feira (17/11) um acordo para tratá-los em pacote numa única decisão. A negociação paralela envolve os temas de financiamento, metas climáticas mais ambiciosas, medidas comerciais unilaterais e relatórios de transparência, explica a Folha.
A partir de agora, o cronograma da COP30 é remodelado para abarcar este modelo. O restante da agenda entra em outro bloco. Um exemplo de como irá funcionar: de um lado, nações em desenvolvimento querem falar de financiamento; de outro, europeus querem falar de metas climáticas mais ambiciosas. A solução é a construção de uma decisão conjunta que encaminhe os dois assuntos ao mesmo tempo.
“Vamos buscar antecipar ao máximo os resultados dessa COP, em dois pacotes: um que vamos tentar fechar até metade da semana, e um segundo pacote que vamos tentar fechar até 6ª feira”, afirmou o presidente da conferência, André Corrêa do Lago. Ele lançou uma inesperada carta para explicar a estratégia, já usada pelo Brasil no G20 e no BRICS.
“O desafio daqui em diante é saber se o Brasil vai aproveitar esses dois pilares, financiamento e ambição, para conduzir um resultado robusto, ou permitir que o processo caia no denominador comum mais baixo. Igualmente crítico é saber se a Europa e outros países desenvolvidos vão aumentar sua ambição em financiamento climático para viabilizar um acordo”, analisa Andreas Sieber, da 350.org, na Sumaúma.
Na 4ª feira (19/11), Lula deve voltar a Belém para ajudar nas negociações de uma nova “dinâmica na diplomacia climática”, analisa a Reuters. O tabuleiro mexeu com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, deixando a União Europeia enfrentando dificuldades para pautar suas demandas, enquanto há uma “demonstração de força” de países em desenvolvimento, como China e Índia.
Esse segundo grupo quer ver a cor do dinheiro antes de se comprometer com a transição para longe dos combustíveis fósseis, e até mesmo com as metas globais de adaptação (GGA). A Indonésia, por exemplo, tem planos de desativar 6,7 gigawatts de capacidade de termelétricas a carvão até 2030. Mas o representante do país disse que se não houver investimento, a rota pode mudar.
Na Bloomberg, negociadores de países desenvolvidos disseram que a oposição ao “mapa do caminho” para o fim dos combustíveis fósseis proposto pelo presidente Lula pode ser forte demais para conseguirem incluí-lo no resultado final. O cenário que se forma, por ora, é a construção de uma coalizão de países dispostos a avançar com um processo voluntário. Ou ainda um compromisso de discuti-lo ao longo do próximo ano.
Enquanto o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, denunciou com todas as letras a obstrução da Arábia Saudita nas negociações, países como Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Quênia apoiam a inclusão da proposta no texto final da conferência, informa a Folha.
UOL e CNN Brasil também falaram sobre o assunto.
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Em tempo 1: O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) ficou aquém das metas originais traçadas pelo governo brasileiro, mas recebeu elogios de um dos principais executivos globais de finanças sustentáveis, informa o UOL. Para Daniel Hanna, chefe de finanças sustentáveis e de transição energética do Barclays, um dos principais bancos do Reino Unido, o fundo "acertou na arquitetura" e criou um caminho seguro para atrair capital privado para a proteção de florestas tropicais. Até o momento, Brasil, Noruega, França e Indonésia anunciaram aportes. O objetivo do Brasil é alavancar até US$ 125 bilhões, entre recursos públicos e privados.
Em tempo 2: Um pequeno grupo de países quer impor uma taxa sobre jatos particulares e passagens aéreas premium. Esse seria o primeiro imposto sobre riqueza do mundo, e o valor arrecadado ajudaria nações a se adaptarem às mudanças climáticas. Os únicos países industrializados a apoiarem a iniciativa são Espanha e França. A maioria das nações que compõem à Coalizão Solidária de Passageiros Premium são países em desenvolvimento, como Benin, Djibuti, Quênia, Nigéria, Serra Leoa, Somália e Sudão do Sul e Brasil. O New York Times dá mais detalhes.



