Países desenvolvidos devem quase US$ 100 tri ao mundo por emissões, mostra IPEA

Para precificar dívida climática, estudo se baseou no custo social do carbono e sugere a taxação dos bilionários.
20 de novembro de 2025
países desenvolvidos emissões ipea
Jacek Dylag/Unsplash

Para qualificar o debate sobre Justiça Climática, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) buscou precificar a dívida climática dos países desenvolvidos, historicamente os maiores emissores de gases de efeito estufa. O estudo concluiu que essas nações devem ao mundo US$ 97,5 trilhões – cerca de R$ 516 trilhões, ou quase 45 vezes o PIB brasileiro em 2024 – por lançarem mais carbono do que têm direito na atmosfera.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores do Ipea consideraram a quantidade de dióxido de carbono que o mundo poderia emitir sem ultrapassar a meta de 1,5°C do Acordo de Paris. O valor é calculado em 2,7 trilhões de toneladas de GEE.

Depois, o estudo estimou quanto desse orçamento ainda estava disponível após 1990 e dividiu o valor entre todas as nações de forma proporcional ao tamanho da população. Para precificar a dívida, baseou-se na métrica do custo social do carbono, estipulada em US$ 417 de prejuízos econômicos e sociais a cada tonelada emitida.

Em primeiro lugar na lista de devedores climáticos [surpresa!] estão os Estados Unidos, que teriam direito a  57,1 bilhões de toneladas de CO2 a partir de 1990, mas emitiram mais que o triplo: 183 bilhões de tCO2. A dívida dos estadunidenses ficou em US$ 46,6 trilhões (R$ 248 trilhões), informa a Folha.

O Brasil também passou da cota permitida, principalmente por conta do desmatamento, a maior fonte de emissões de GEE do país, como mostra o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Foram emitidas 59,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, ou 160% do orçamento a que o país tinha direito.

Rodrigo Fracalossi, pesquisador do Ipea e autor do estudo, afirmou que a dívida climática não deve ser vista como uma punição, mas sim como uma compensação. O Brasil, por exemplo, pode quitar seu passivo ambiental ao promover o reflorestamento de áreas degradadas, destacam O Sul e Brasil 247.

O artigo sugere a taxação de bilionários e o desenho de um imposto mínimo sobre os lucros de empresas  multinacionais para que os países possam quitar suas dívidas, destaca o Metro1.

  • Em tempo: Segundo a ativista francesa Agnès Callamard, porta-voz da Anistia Internacional, os países ricos não admitem sua culpa pelas mudanças climáticas. "Por isso, o financiamento climático é tão importante para garantir justiça social às nações em vulnerabilidade”, disse ela n'O Globo, reforçando que o tema precisa ser uma prioridade da COP30.

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