Só três países nas Américas têm informações regulares sobre acidentes com petróleo

Falta de informação oculta real impacto negativo da indústria petrolífera na região.
21 de novembro de 2025
vazamento de petróleo
Enzo Tommasi

Um mapa em branco. Não, não é o mapa do caminho pelo fim dos combustíveis fósseis que está sendo duramente negociado na COP30, mas sim o mapa de informações sobre acidentes petrolíferos nas Américas. Apesar de metade dos 35 países do continente explorarem petróleo, apenas três – Brasil, Canadá e Estados Unidos – têm bases de dados abertas e regularmente atualizadas sobre incidentes, mostra novo levantamento da Zero Carbon Analytics (ZCA).

Apesar disso, a organização ressalta que as informações desses três países são cheias de lacunas. Isso demonstra que os riscos da exploração de petróleo em regiões sensíveis, como a Amazônia, podem ser subestimados.

As informações sobre acidentes na região amazônica são imprecisas, mas as poucas disponíveis já mostram que se trata de um problema frequente. No Peru, por exemplo, entre 2000 e 2019, foram contabilizados derramamentos principalmente por falhas operacionais e corrosão. No Equador, incidentes no Sistema de Oleoduto Transequatoriano (SOTE) entre 1972 e 2019 derramaram 730 mil barris.

Ainda no Equador, um deslizamento em 2022 rompeu um duto no Parque Cayambe-Coca, derramando 6.300 barris de petróleo e afetando rios, áreas protegidas e comunidades indígenas. Já em 2023, foram identificados 8.000 sítios contaminados ou potencialmente contaminados na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

Com a falta de informação, transparência e consistência, fica impossível avaliar riscos e preparar respostas ou proteger a região de danos, que podem ser irreversíveis. Essa é a análise de Renata Ribeiro, pesquisadora sênior da instituição, n’O Globo. “Como podemos afirmar que é seguro se não há o registro adequado dos incidentes? Sem informação completa, os governos subestimam impactos, atrasam decisões estratégicas e deixam vulnerabilidades fora do debate sobre os fósseis”, afirma.

Para a especialista, a transição energética só é efetiva quando a dimensão real dos riscos é conhecida. Por isso, ela destaca a importância dos países avançarem com o mapa para o fim dos combustíveis fósseis na COP30.

“Há uma subnotificação dos acidentes e também uma falta de clareza do impacto a nível sistêmico. Isso reforça o que ambientalistas, sociedade civil, Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais têm falado a respeito de explorar petróleo naquela região: não deveria acontecer. Ao contrário, a Amazônia deveria ser uma zona de exclusão da exploração de petróleo e gás, e o Brasil deveria seguir o exemplo recente da Colômbia, que declarou a Amazônia colombiana um território livre da exploração”, afirma Carolina Marçal, coordenadora de Projetos do ClimaInfo.

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