
O número de mortes pelas fortes chuvas e deslizamentos de terra na Indonésia subiu para 708 na 3ª feira (2/12). Pelo menos 507 pessoas continuavam desaparecidas, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres do país. Especialistas têm culpado o desmatamento na ilha de Sumatra, a região mais afetada, pelo número desproporcionalmente alto de mortes, informa a Reuters.
As províncias de Aceh, Sumatra do Norte e Sumatra Ocidental foram as mais atingidas. Imagens mostram pontes destruídas, estradas e casas cobertas de lama e entulho e pilhas de troncos. Os eventos extremos danificaram estradas e interromperam linhas de comunicação. Moradores dependem de aeronaves para receber suprimentos. São milhares isolados, e alguns relatam não comer há dois ou três dias, contam BBC e NBC News.
As inundações carregaram milhares de metros cúbicos de madeira derrubada, aumentando a impressão de que a extração ilegal possa ter contribuído para a tragédia. “Não é apenas um desastre ambiental, é uma crise provocada pelo homem”, disse Rianda Purba, do Fórum Ambiental Indonésio, à ABC. “O desmatamento e o desenvolvimento desenfreado privaram Batang Toru [área florestal] de sua resiliência. Sem restauração urgente e proteções mais rigorosas, essas inundações se tornarão a nova normalidade.”
“Se nossas florestas estivessem bem preservadas, não teria sido tão terrível”, reforçou Gus Irawan Pasaribu, líder do governo local de Tapanuli, no norte do Sumatra.
A vegetação nativa é derrubada para dar lugar a plantações de palmeiras para produção de óleo de palma, um dos principais produtos de exportação da Indonésia, explica a Reuters. Segundo o Global Forest Watch, Sumatra perdeu uma área maior que a Suíça desde 2001.
Visitando as áreas afetadas, o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, disse que é necessário enfrentar as mudanças climáticas de forma eficaz. “Os governos locais devem assumir um papel significativo na proteção do meio ambiente e na preparação para as condições climáticas extremas que surgirão das futuras mudanças climáticas”, reforçou.
Até ontem, havia mais de 1.300 mortos na Indonésia, no Sri Lanka e na Tailândia por causa das catastróficas chuvas, enchentes e deslizamentos de terra no Sudeste Asiático. Mais de 800 pessoas estavam desaparecidas.
Financial Times, AFP e CBS também noticiaram o assunto.
Em tempo: A Jamaica conseguiu US$ 6,7 bilhões (R$ 36 bilhões) para a reconstrução do país após a passagem do furacão Melissa. O pacote de financiamento de três anos provém do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (BDLAC), do Banco de Desenvolvimento do Caribe (CDB), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Grupo Banco Mundial, lista a Bloomberg. Melissa atingiu a ilha no final de outubro com ventos de categoria 5, causando danos estimados em US$ 8,8 bilhões (R$ 47 bilhões).



