
Uma sequência de três ciclones tropicais e monções do Nordeste causou inundações devastadoras no Sudeste Asiático. O prejuízo é de pelo menos US$ 20 bilhões (R$ 106 bilhões), 1.350 mortos, centenas de desaparecidos e milhões de desabrigados.
Os países do Sudeste Asiático figuram entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas, com Filipinas, Myanmar e Vietnã entre as 10 nações mais afetadas pelas alterações climáticas em 2024, aponta levantamento da Germanwatch, uma organização independente de Direitos Humanos.
A região concentra uma das maiores porcentagens de pessoas vivendo em áreas com risco de inundações: 21% na Malásia, 20% na Indonésia e 15% em Singapura, Vietnã, Filipinas e Sri Lanka, informa a Bloomberg, com dados de um relatório do BMI divulgado esta semana.
O valor é maior do que em meados e no final de 2010 e a projeção é que continue a aumentar. Um risco sofrido pelo Sudeste Asiático é o de “desastres compostos” – quando múltiplos eventos extremos acontecem em rápida sucessão, como o ocorrido em novembro.
“O que mais chama a atenção este ano são as chuvas e os impactos em cascata — deslizamentos de terra e enchentes repentinas —, e não necessariamente a quantidade de tempestades”, disse Roxy Mathew Koll, cientista climática do Instituto Indiano de Meteorologia Tropical ao NY Times. Desde o início do ano, a região recebeu 16 ciclones e dezenas de depressões nos oceanos Pacífico e Índico. Mesmo ciclones de intensidade moderada agora produzem chuvas extremas e podem causar inundações generalizadas, detalha a especialista.
O progresso na construção de resiliência climática está atrasado, afirma Helen Nguyen, professora de engenharia ambiental da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. “O desenvolvimento aconteceu muito rápido”, disse Nguyen. “Isso ocorreu às custas do meio ambiente.”
A Indonésia está investigando empresas suspeitas de desmatar áreas de Sumatra, que colaboraram para agravar o desastre. Segundo a Reuters, o ministro de Florestas, Raja Juli Antoni, afirmou que o governo revisará a governança florestal, considerará uma moratória para novas licenças e revogará as licenças dos infratores. Já o ministro de Energia, Bahlil Lahadalia, sinalizou que as licenças de mineração podem ser canceladas se as regras forem violadas.
Os danos totais ainda não estão claros. A estimativa de US$ 20 bilhões baseia-se em estimativas do governo e de analistas. O Ministério do Comércio da Tailândia calcula, por exemplo, que se as chuvas continuarem, o fluxo de exportações de alto valor agregado como componentes eletrônicos que está praticamente paralisado pode adicionar perdas de até US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões) por mês ao país.
No Sri Lanka, onde o ciclone deixou profundas fissuras no solo e rachaduras nas casas, parte da população em centros de acolhimento está com medo de voltar para suas casas. Cerca de 1,2 milhão de pessoas foram afetadas. O governo está conversando com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para discutir a última revisão do programa de empréstimos vigente e apoiá-lo no processo de recuperação, conta a Reuters.



