Crise climática altera padrão de grandes manchas de algas no Atlântico

Oceanos mais quentes, alterações nas chuvas na Amazônia e incêndios florestais na África desregulam a espécie de alga que provocou uma emergência regional.
9 de dezembro de 2025
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AOML / NOAA Climate.gov

Uma mancha de algas de quase 9 mil km no Oceano Atlântico, que tem ameaçado praias em todo o Caribe e na Flórida nos últimos anos e causado uma emergência regional, está explodindo de tamanho. Enquanto isso, uma segunda mancha, mais ao norte, está diminuindo, por conta da crise climática.

Os dados fazem parte de um estudo publicado na revista Nature Geoscience que revela uma grande mudança nos padrões de crescimento do sargaço, um tipo de macroalga flutuante que fornece alimento e abrigo a animais marinhos. A mancha, que em 2023 causou problemas respiratórios em moradores da Flórida, devido à quantidade exorbitante de material orgânico em decomposição, atingiu 38 milhões de toneladas métricas em 2025. O aumento é de 40% em relação ao recorde, registrado em 2022, conta a Folha.

“Normalmente temos uma flutuação de 10% a 20% de ano para ano”, disse Chuanmin Hu, professor de oceanografia física na Universidade do Sul da Flórida e um dos autores do artigo. “Mas este ano foi louco e não temos uma resposta para o porquê.”

Antes de 2011, não havia sargaço na região. Agora, em junho passado, o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, chegou a declarar que a nação enfrentava uma “emergência regional” devido ao sargaço e pediu ajuda à ONU.

Alguns fatores desempenham um papel importante neste cenário: as tempestades de poeira do deserto do Saara e a fumaça de incêndios florestais africanos, por exemplo, servem de fertilizante para o sargaço. O NY Times também destaca que os rios Amazonas e Orinoco, na América do Sul, e o rio Congo, na África, fornecem pulsos de água rica em nutrientes ao cinturão de algas. Após uma seca de dois anos na Amazônia, grandes inundações na primavera causaram um aumento correspondente no sargaço.

 “O clima está tendo um efeito muito significativo nessa proliferação, mas há muitos fatores subjacentes às mudanças climáticas, desde altas temperaturas, chuvas extremas, secas e eventos de precipitação, até ventos”, afirmou Brian Lapointe, investigador principal do Harbor Branch Oceanographic Institute da Universidade Atlântica da Flórida e um dos autores do artigo.

A situação da mancha norte é o oposto. As altas temperaturas da região têm feito o Mar do Sargaço do Norte declinar desde 2015. O contínuo aumento da temperatura oceânica tem quebrado o ciclo natural: nos últimos 20 anos, o Golfo do México, cujas correntes carregam as algas para o norte, aqueceu 0,4°C em média, com as águas chegando a 0,7°C no verão.

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