Proibição de Trump a projetos eólicos é considerada ilegal por juiz dos EUA

Procuradora-geral de Nova York, estado que liderou o processo judicial, classificou a decisão como vitória na luta contra a crise climática.
9 de dezembro de 2025
geradores eólicos, o novo alvo da ira anticlimática de trump
Composição Climainfo/Imagens: Freepik

A agenda anticlimática e negacionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu um revés. Depois do “agente laranja” ter proibido novos projetos de energia eólica nos EUA no começo do ano, a juíza distrital Patti Saris considerou que a ordem é “arbitrária, caprichosa e contrária à lei”, concordando com mais de uma dúzia de estados e com um grupo de energia renovável que contestaram a decisão.

A diretiva de Trump – emitida em 20 de janeiro, horas depois de ele retornar à Casa Branca para um segundo mandato – suspendeu efetivamente as aprovações de parques eólicos em terra e no mar, enquanto aguardavam uma revisão federal. A ordem congelou dezenas de projetos de energia renovável, incluindo instalações gigantescas previstas na costa leste. Os desenvolvedores alertaram para os impactos nos empregos e para bilhões de dólares em investimentos perdidos, lembra a Bloomberg.

A juíza Saris, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Massachusetts, foi nomeada pelo ex-presidente democrata Bill Clinton. Em sua decisão, ela afirmou que o Departamento do Interior não apresentou uma “explicação fundamentada” para a suspensão da aprovação de projetos eólicos, como exigido pela Lei de Procedimento Administrativo, explica o NY Times. Em vez disso, “os réus da agência admitem abertamente que o único fator considerado ao decidir interromper a emissão de licenças foi a ordem do presidente para fazê-lo”, completou a magistrada.

Patti decidiu a favor de uma coalizão de procuradores-gerais de 17 estados e do Distrito de Columbia. O grupo foi liderado pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, informa a AP.  Em uma publicação nas redes sociais, Letitia classificou a decisão judicial como “uma grande vitória em nossa luta para continuar combatendo a crise climática”, segundo a Reuters.

Questionada sobre a decisão judicial, a porta-voz da Casa Branca, Taylor Rogers, afirmou por e-mail que o governo de Joe Biden deu aos projetos de energia eólica offshore “tratamento preferencial injusto, enquanto o restante do setor energético era prejudicado por regulamentações onerosas”. Ela disse que a ordem de Trump, se tivesse permanecido em vigor, incentivaria as agências federais a estudar se as eólicas offshore estavam elevando os custos de energia para os estadunidenses.

Axios, POLITICO, Investing.com, Energy Watch, ABC, CNBC e Financial Times também noticiaram a decisão judicial contra a ordem de Trump.

  • Em tempo 1: O lobby dos combustíveis fósseis não se cansa, em qualquer canto do planeta. A Índia avalia um aumento sem precedentes de sua capacidade de geração elétrica a carvão, podendo construir novas usinas pelo menos até 2047, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. A proposta, em análise pelo Ministério da Energia e a NITI Aayog, agência governamental responsável pela formulação de políticas, representa uma mudança significativa em relação às projeções atuais, que preveem o pico de adições líquidas apenas em 2035.

  • Em tempo 2: A corrida armamentista global está dificultando a ação climática, uma vez que minerais críticos para a descarbonização energética estão sendo desviados para a fabricação de equipamentos militares de última geração, informa o Guardian. Segundo um estudo do Transition Security Project — iniciativa conjunta dos EUA e do Reino Unido —, o Pentágono está estocando enormes quantidades de minerais críticos necessários para uma série de tecnologias climáticas, incluindo painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e armazenamento de baterias. A ordem, claro, é de Donald Trump.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Justiça climática

Nesta sessão, você saberá mais sobre racismo ambiental, justiça climática e as correlações entre gênero e clima. Compreenderá também como esses temas são transversais a tudo o que é relacionado às mudanças climáticas.
2 Aulas — 1h Total
Iniciar