
A agenda anticlimática e negacionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu um revés. Depois do “agente laranja” ter proibido novos projetos de energia eólica nos EUA no começo do ano, a juíza distrital Patti Saris considerou que a ordem é “arbitrária, caprichosa e contrária à lei”, concordando com mais de uma dúzia de estados e com um grupo de energia renovável que contestaram a decisão.
A diretiva de Trump – emitida em 20 de janeiro, horas depois de ele retornar à Casa Branca para um segundo mandato – suspendeu efetivamente as aprovações de parques eólicos em terra e no mar, enquanto aguardavam uma revisão federal. A ordem congelou dezenas de projetos de energia renovável, incluindo instalações gigantescas previstas na costa leste. Os desenvolvedores alertaram para os impactos nos empregos e para bilhões de dólares em investimentos perdidos, lembra a Bloomberg.
A juíza Saris, do Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Massachusetts, foi nomeada pelo ex-presidente democrata Bill Clinton. Em sua decisão, ela afirmou que o Departamento do Interior não apresentou uma “explicação fundamentada” para a suspensão da aprovação de projetos eólicos, como exigido pela Lei de Procedimento Administrativo, explica o NY Times. Em vez disso, “os réus da agência admitem abertamente que o único fator considerado ao decidir interromper a emissão de licenças foi a ordem do presidente para fazê-lo”, completou a magistrada.
Patti decidiu a favor de uma coalizão de procuradores-gerais de 17 estados e do Distrito de Columbia. O grupo foi liderado pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, informa a AP. Em uma publicação nas redes sociais, Letitia classificou a decisão judicial como “uma grande vitória em nossa luta para continuar combatendo a crise climática”, segundo a Reuters.
Questionada sobre a decisão judicial, a porta-voz da Casa Branca, Taylor Rogers, afirmou por e-mail que o governo de Joe Biden deu aos projetos de energia eólica offshore “tratamento preferencial injusto, enquanto o restante do setor energético era prejudicado por regulamentações onerosas”. Ela disse que a ordem de Trump, se tivesse permanecido em vigor, incentivaria as agências federais a estudar se as eólicas offshore estavam elevando os custos de energia para os estadunidenses.
Axios, POLITICO, Investing.com, Energy Watch, ABC, CNBC e Financial Times também noticiaram a decisão judicial contra a ordem de Trump.
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Em tempo 1: O lobby dos combustíveis fósseis não se cansa, em qualquer canto do planeta. A Índia avalia um aumento sem precedentes de sua capacidade de geração elétrica a carvão, podendo construir novas usinas pelo menos até 2047, segundo fontes ouvidas pela Bloomberg. A proposta, em análise pelo Ministério da Energia e a NITI Aayog, agência governamental responsável pela formulação de políticas, representa uma mudança significativa em relação às projeções atuais, que preveem o pico de adições líquidas apenas em 2035.
Em tempo 2: A corrida armamentista global está dificultando a ação climática, uma vez que minerais críticos para a descarbonização energética estão sendo desviados para a fabricação de equipamentos militares de última geração, informa o Guardian. Segundo um estudo do Transition Security Project — iniciativa conjunta dos EUA e do Reino Unido —, o Pentágono está estocando enormes quantidades de minerais críticos necessários para uma série de tecnologias climáticas, incluindo painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e armazenamento de baterias. A ordem, claro, é de Donald Trump.



