Petrobras contribuirá com mapa do caminho para além dos combustíveis fósseis, diz Magda

Presidente da Petrobras diz que empresa estará “alinhada com o governo federal”, mas que olha para 2050 para cumprir emissões líquidas zero.
16 de dezembro de 2025
petrobras mapa do caminho combustíveis fósseis
Fernando Frazão/Agência Brasil

Quando o presidente Lula encomendou recentemente a quatro ministérios – Minas e Energia, Meio Ambiente, Fazenda e Casa Civil – a elaboração de diretrizes para um mapa do caminho nacional para além dos combustíveis fósseis, foi inevitável questionar qual seria o papel da Petrobras neste processo. Afinal, a estatal domina a exploração de petróleo e gás fóssil no país, assim como o refino e a produção de derivados.

Desde 2023 a petrolífera prometeu avançar em investimentos em fontes renováveis de energia e combustíveis de baixo carbono. Mas, até agora, o máximo que entregou foram iniciativas tímidas, sem peso. Seu último passo nessa linha foi uma lástima: reduziu em 20% a previsão de recursos para transição energética, conforme seu Plano de Negócios 2026-2030. Algo, portanto, muito longe da necessária virada de chave de uma das maiores companhias brasileiras, indutora do desenvolvimento econômico e social do país, de uma mera petrolífera para uma empresa de energia.

Em entrevista à Folha, repercutida por InfoMoney e Brasil 247, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que irá contribuir com o mapa do caminho, porque, afinal, é controlada pelo governo federal e está “alinhada” com suas diretrizes. Mas, pela fala da executiva, que não se espere muito além do que já foi prometido pela petrolífera até agora.

“Definimos que vamos olhar para 2050 para cumprir a net zero (emissão líquida zero de gases de efeito estufa) e inserir novas energias até lá.” Vale lembrar que Magda já disse em outras ocasiões que investimento de peso em renováveis só sairá do caixa da Petrobras a partir de 2035. O clima – e o mapa do caminho – que esperem até lá.

Magda disse crer que “um dia” a Petrobras deixará de explorar combustíveis fósseis e se tornará uma empresa de energia renovável, mas que “ainda vai ter tempo pela frente para fazer isso”. Isso é sabido – não à toa o processo se chama “transição energética”. O problema é que, se depender do tempo da presidente da petrolífera, o planeta aquecerá 3oC facilmente. Mas, pelo menos, quem sobreviver terá combustíveis fósseis da Petrobras para seu consumo, claro.

Magda contou que o foco primordial da Petrobras nos próximos 10 anos será em combustíveis, tanto renováveis como os de menor teor de carbono. “Em etanol, diesel coprocessado, SAF (combustível sustentável de aviação), bunker [combustível para embarcações] com 24% de renovável”, detalhou.

A executiva disse ainda que “nesses dez anos, vamos dedicar mais de um terço do investimento de pesquisa e desenvolvimento do nosso centro de pesquisa em elétrons”. Isso significa, segundo Magda, “solar, eólica, hidrogênio”. No entanto, ela diz que esses projetos “ainda são caros”.

Contudo, à exceção do hidrogênio, que de fato é uma inovação ainda sem escala, eólica e solar são fontes renováveis consolidadas e já (bem) mais baratas que fontes fósseis para geração de eletricidade. Logo, a Petrobras só não investe nelas porque não quer. Ou não interessa para o pagamento de polpudos dividendos a seus acionistas.

A presidente da Petrobras falou que a estatal fará “captura de carbono”. Essas, sim, são tecnologias caríssimas, sem viabilidade técnica comprovada e com riscos ainda desconhecidos. Mas as técnicas de captura e armazenamento de carbono se tornaram a “menina-dos-olhos” da indústria de combustíveis fósseis de todo o mundo com um único objetivo: permitir a continuidade da exploração de mais e mais petróleo e gás fóssil. Não há clima que aguente isso.

  • Em tempo: O primeiro dia da greve nacional de petroleiros foi marcado por uma adesão expressiva nas unidades da Petrobras, com movimentos em pelo menos 17 plataformas de produção offshore e seis refinarias, além de campos terrestres, terminais e termelétricas, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP). Houve registros de paralisações em nove estados, em quase todas as regiões do país, informa a eixos. Segundo a Petrobras, a mobilização não afetou a produção de combustíveis fósseis ou derivados de petróleo.

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