Ártico teve em 2025 seu ano mais quente desde 1900

Temperaturas ficaram 1,6°C acima da média registrada de 1991 a 2020; últimos dez anos foram os mais quentes já registrados na região. 
17 de dezembro de 2025
Ártico ano mais quente
Bryan Rodriguez / Unsplash

O Ártico registrou seu ano mais quente em 125 anos, segundo um relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) divulgado na 3ª feira (16/12). A região está aquecendo mais rápido do que o resto do mundo, tendo registrado, de outubro de 2024 a setembro de 2025, temperaturas 1,6°C acima da média de 1991 a 2020.

Cientistas descrevem o aquecimento acelerado como “alarmante”. O Ártico teve não só o outono mais quente já registrado em 125 anos, como também o segundo inverno e o terceiro verão mais quentes desde 1900, destaca a Folha. Em março de 2025, o gelo marinho atingiu seu nível mais baixo em 47 anos, e a cobertura de neve em junho foi metade da registrada há 6 décadas.

“O Ártico continua a aquecer mais rápido do que a média global. Os 10 anos que compõem a última década marcam os 10 anos mais quentes já registrados”, disse Steve Thur, cientista-chefe interino da NOAA e administrador assistente para pesquisa oceânica e atmosférica.

Segundo pesquisadores, o Ártico aquece de duas a quatro vezes mais rápido do que em outras partes do planeta, devido à amplificação ártica. Trata-se de uma dinâmica que altera tanto as correntes oceânicas quanto a quantidade de luz solar absorvida pela superfície da Terra perto do Polo.

O aumento da temperatura eleva a presença de vapor d’água na atmosfera, que absorve o calor e impede que ele seja liberado para o espaço. Já a perda de gelo marinho expõe as águas oceânicas mais escuras, que absorvem mais calor do sol, explicam Bloomberg e New York Times.

O derretimento do gelo marinho acarreta inúmeras consequências para o clima global e ameaça diversos ecossistemas. A redução da banquisa — gelo formado pelo congelamento dos mares polares — representa um problema imediato para ursos-polar, focas e morsas, que utilizam o gelo para se deslocar, caçar e dar à luz a seus filhotes.

Também faz com que o frio glacial se estenda para latitudes mais baixas, causando ondas de frio em regiões que antes não as tinham. A temperatura mais elevada e o clima mais úmido favorecem a “borealização”, fenômeno que provoca o aumento da tundra ártica, explicam Financial Times e Guardian.

Outro impacto direto é o degelo do permafrost, que libera ferro nos rios. O relatório mostra que mais de 200 riachos e rios foram afetados, ficando alaranjados ou descoloridos, o que indica degradação da qualidade da água e afeta diretamente a biodiversidade aquática, informa O Globo.

Apesar dos danos, Estados Unidos, Rússia e Noruega, que estão no Círculo Polar Ártico, têm planos de expanção da exploração de combustíveis fósseis na região. Em pacote anunciado pelo governo Trump há 21 novos contratos de cinco anos para a exploração de petróleo e gás fóssil do Golfo do Alasca ao Alto Ártico, relata a Al Jazeera.

Projeções apontam que o Ártico pode viver seu primeiro verão totalmente sem gelo marinho em 2040 ou até antes.

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