#ClimaInfo, 11 de outubro de 2017

ClimaInfo mudanças climáticas

O MAU USO DA TERRA E A MUDANÇA DO CLIMA ESTÃO SECANDO OS RIOS ARAGUAIA E TOCANTINS

Desmatamento em nascentes, pastos nas margens e o tempo quente estão secando o Rio Araguaia. Em alguns trechos já é possível atravessar tanto o 6. quanto o 7. maiores rios do Brasil a pé. Em Xambioá, no norte do estado de Tocantins, onde em setembro do ano passado pescou-se mais de 17 toneladas de peixe, neste ano pescaram-se menos de 7. De janeiro até agora, o Araguaia baixou cerca de dois metros. Como a região é a nova fronteira do agronegócio, seria bom o pessoal prestar atenção e começar a cuidar das nascentes e das margens do Araguaia e do Tocantins, pois vão depender dessas águas para tocar o negócio em frente. Esperamos não chegar a ver uma outra tragédia semelhante à do São Francisco.

http://radioagencianacional.ebc.com.br/geral/audio/2017-10/rio-araguaia-pode-secar-em-40-anos-por-causa-do-desmatamento

 

BR-158 VAI RECEBER LICENÇA PARA ATRAVESSAR A TERRA INDÍGENA MARAIWATSEDE

A Funai acaba de aprovar, e o Ibama deve emitir até o fim do mês, a licença para asfaltar um trecho de 185 km da BR-158 que atravessa a Terra Indígena Maraiwatsede, no cantinho nordeste do Mato Grosso. Será mais uma melhoria numa das estradas mais estratégicas do país. A BR-158 atravessa o país de norte a sul em torno da longitude de 50o oeste. No papel, ela vai de Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul próxima à fronteira com o Uruguai, até Redenção no sul do Pará. Lá a estrada encontra a BR-155, que segue para Marabá e, de lá, para Belém. Pronta, passa a ser mais uma rota para exportação dos grãos produzidos na região do Matopiba para a China. A autorização para atravessar a terra indígena só saiu após três anos de discussões e consultas públicas.

https://www.24horasnews.com.br/noticia/funai-aprova-estudo-indigena-e-licenca-ambiental-deve-ser-emitida-em-30-dias.html

https://www.google.com.br/search?q=br+158+mapa&sa=X&ved=0ahUKEwjBkc2d8OXWAhVLIpAKHcXWBIoQ1QIIXigA

 

O FUTURO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA NO BRASIL

Carlos Faria, especialista em energia solar do Studio Equinócio, disse ao Valor Econômico que “em cerca de 80% do território nacional, a energia solar já atingiu a paridade tarifária. O kWh gerado pela solar é mais barato do que comprar da concessionária”. Sobra o tamanho do investimento inicial, que vem caindo aqui e lá fora. De 2014 até o momento, em alguns lugares, o payback de um projeto fotovoltaico caiu de dez para quatro anos. O setor fotovoltaico se vê favorecido pelos ajustes que estão sendo feitos no setor elétrico, que vão acabar gerando um aumento da tarifa da energia gerada nas grandes hidrelétricas, tornando a fonte fotovoltaica mais competitiva. O Plano Decenal lançado em julho pela EPE, estima que até 2026, a capacidade fotovoltaica instalada estará em torno de 8 GW, correspondentes a 4% da capacidade total nacional. Já a consultoria Solarize estima que até 2030, a solar responderá por 10% da capacidade instalada brasileira e gerará quase 100 mil novos postos de trabalho.

Claudio Sales e Alexandre Uhlig, do Instituto Acende Brasil, escreveram um artigo também para o Valor sobre um relatório que acaba de ser publicado pela IEA (Agência Internacional de Energia) analisando o futuro das renováveis. Eles destacaram que o gerenciamento do sistema elétrico, tanto do lado da oferta como pelo lado da demanda, passa a ser crucial a partir do momento em que as eólicas e fotovoltaicas passam a representar mais de 25% da capacidade do sistema, o que pode vir a acontecer no Brasil nos próximos dez anos.

http://www.valor.com.br/empresas/5150806/participacao-na-matriz-eletrica-deve-superar-os-10-em-2030

http://www.valor.com.br/empresas/5150804/geracao-solar-ficara-mais-competitiva-com-mudancas-no-marco-regulatorio#

http://www.valor.com.br/opiniao/5150920/energia-renovavel-variavel

https://www.iea.org/bookshop/761-Market_Report_Series:_Renewables_2017

 

O GUIA DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SOBRE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS

O ministério do meio ambiente lançou ontem o Guia para Formulação de Políticas Públicas Estaduais e Municipais de Pagamento por Serviços Ambientais num seminário dedicado ao tema em Foz do Iguaçu como parte do projeto de cooperação “TEEB Regional-Local”. A valoração dos serviços ambientais segue sendo um tema que gera polêmica, desde os que entendem que atribuir um preço à natureza é reduzi-la a uma única e pobre dimensão, até os que vêm o pagamento como instrumento para a inclusão das externalidades ambientais no planejamento econômico financeiro de empresas e organismos governamentais. O site do MMA diz que “o presente guia tem como objetivo fornecer conceitos, exemplos práticos e apresentar os elementos e aspectos principais a serem tratados na normatização legal de políticas públicas de PSA, oferecendo, principalmente aos formuladores dessas políticas, uma orientação para a normatização legal pretendida”.

Em tempo: o TEEB, The Economics of Ecosystems and Biodiversity, é uma importante iniciativa que busca reconhecer, demonstrar e avaliar o valor dos serviços dos ecossistemas e da biodiversidade. Abrange o apoio à elaboração de políticas públicas e capacitação de organizações e cidadãos. A iniciativa é de importantes parceiros como o PNUMA, a Comissão Europeia, ministérios do meio ambiente e de outras áreas de vários países, empresas como a PwC, universidades e centros de pesquisa como a London School of Economics e ONGs como a Conservation International, entre vários outros nomes reconhecidos internacionalmente. A Confederação Nacional da Indústria brasileira também participa.

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2017/10/10/139263-ministerio-discute-pagamento-por-servicos-ambientais.html

http://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/143-economia-dos-ecossistemas-e-da-biodiversidade

 

NOVA CERTIFICAÇÃO FLORESTAL

O FSC (Forest Stewardship Council) está reunido no Canadá para definir uma certificação especialmente desenhada para comunidades tradicionais e ribeirinhas explorarem florestas nativas remanescentes. A madeira certificada alcança preços maiores em mercados que valorizam a sustentabilidade.

http://www.valor.com.br/agro/5150812/nova-certificacao-deve-impulsionar-manejo-florestal#

 

NOTA DE LUIZ HORTA CONTRAPONDO O CARRO ELÉTRICO AO MOVIDO A ETANOL

Há alguns dias, comentamos aqui um artigo que apontava obstáculos ao carro elétrico e defendia o movido a biocombustível. Luiz Horta Nogueira, reconhecido especialistas em eficiência energética, cogeração e bioenergia, nos escreveu queixando-se do tratamento dado  ao tema e colocando alguns argumentos que achamos importante serem discutidos e aprofundados. Assim, abrimos esse espaço para suas considerações:

“A grande expectativa criada pelos defensores dos carros elétricos, pelo menos na concepção mais simples, com veículos a baterias, pode ter pés de barro. A infraestrutura elétrica necessária implica em investimentos elevados e a limitada vida útil das baterias, com sua larga pegada ambiental, associada à geração ainda maioritariamente baseada em recursos não renováveis indica que, no melhor dos cenários, os carros elétricos vão demorar um pouco  a representar algo relevante, exceto em mercados reduzidos e nichos específicos. Os motores de combustão ainda têm margens bem interessantes de aperfeiçoamento (em especial usando etanol) e quando empregam biocombustíveis corretamente produzidos, como é o caso do etanol de cana, reduzem as emissões de carbono de forma mais expressiva do que qualquer carro elétrico. Por isso, parecem mais razoáveis e possíveis os cenários que sugerem uma transição suave dos carros com motores de combustão, inicialmente com os veículos híbridos (taí o sucesso do Prius), depois os híbridos plug-in, então os veículos com células de combustível e finalmente, se vierem, terão vez os veículos a baterias.”

Acreditamos que o debate é relevante e que esse tema está ainda bem aberto. Voltaremos ao assunto sempre que possível.

 

GOVERNO NORTE-AMERICANO ANUNCIA A REVOGAÇÃO DA POLÍTICA CLIMÁTICA DE OBAMA

Scott Pruitt, diretor da EPA (Agência de Proteção Ambiental), anunciou na 2a feira a revogação das principais regulações sobre as emissões de carbono implantadas por Obama. Esperava-se este anúncio para a semana passada, mas o massacre em Las Vegas roubou os holofotes. Parte importante da indústria norte-americana, sentindo a ameaça climática, faz pressão para que a EPA substitua a política de Obama por regulações mais frouxas, mas isso, até agora, não parece que vá ocorrer. Sugestivamente, o anúncio foi feito em território dos mineiros de carvão, nas Apalaches. Entidades ambientalistas já estão preparando uma série de ações na justiça contra essas revogações, posto que uma decisão da Suprema Corte dos EUA atribui à EPA a responsabilidade de regular as emissões de gases causadores do efeito estufa. Para quem se interessar, o último link dessa nota leva ao documento oficial da EPA.

O anúncio acontece um mês depois da passagem dos três furacões por Houston, Flórida e Caribe, fazendo estragos monumentais.

Como se não bastassem os furacões, as próximas notas são sobre as mudanças no clima que seguem afetando os EUA.

http://www.valor.com.br/internacional/5150954/governo-trump-vai-revogar-plano-ambiental-de-obama

https://www.nytimes.com/2017/10/09/climate/clean-power-plan.html

http://www.politico.com/f/?id=0000015e-f248-dc15-a3fe-ff694f500000

 

AGRICULTORES DO SUL DOS EUA SOFREM COM OS IMPACTOS DA MUDANÇA DO CLIMA

Na Flórida, não são só os furacões que estão mudando por causa do aquecimento global, a elevação no nível do mar traz junto a salinização de áreas de mangues na costa. O resultado, que vem sendo documentado ao longo de 25 anos, mostra claramente a mudança da vegetação para espécies melhor adaptadas à água mais salgada. Nesse meio tempo, algumas ilhas foram sendo gradativamente submersas e hoje mostram um cenário pontilhado por um cemitério de árvores e arbustos com galhos secos para fora d’água, por enquanto. Isso exemplifica que a mudança do clima não se dá por grandes eventos impactantes, mas muito mais por um conjunto de mudanças lentas e insidiosas, pelo menos na nossa escala de tempo. Mas as tempestades trazem danos de alto custo e a conta é mais salgada para os estados mais pobres do sul dos EUA. Um artigo na New Republic ainda aponta a ironia disto estar acontecendo onde Trump teve uma votação expressiva e, como no caso da Flórida, decisiva. Muitos de seus eleitores, apesar de estarem sendo atingidos por essas tempestades e pelo aumento do nível do mar e, portanto, das marés, não acham que o homem é responsável por uma mudança do clima que apenas começam a aceitar dizendo que “o clima pode estar mudando. Mas as pessoas não têm nada que ver com isso. E mais cedo ou mais tarde, as coisas vão voltar atrás, eu prometo – é só esperar um pouquinho”.

https://newrepublic.com/article/144966/states-denial-crop-failures-killer-storms-southern-supporters-paying-price

 

RECORDE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS NO NORTE DA CALIFÓRNIA

O norte Califórnia está sofrendo com incêndios que já mataram onze pessoas e queimaram 40 mil hectares. As casas e lojas destruídas já passam de duas mil, caracterizando os incêndios atuais entre os piores já registrados no estado. Mais de 100 pessoas foram hospitalizadas e 150 estão desaparecidas. Até ontem, a conta da destruição passava de US$ 2 bilhões, a maior até agora. Historicamente, os incêndios aparecem mais para o final do mês de outubro, quando da entrada de ventos quentes e secos vindos das montanhas a leste. Esse ano, eles chegaram adiantado. O primeiro link abaixo mostra fotos de um bairro de Santa Rosa tiradas antes e depois da passagem do fogo que são de arrepiar.

http://www.motherjones.com/environment/2017/10/the-firestorm-ravaging-northern-california-cities-explained/

http://www.ozy.com/presidential-daily-brief/pdb-81411#article81427

http://www.latimes.com/local/california/la-northern-california-fires-live-coverage-hundreds-evacuated-blazes-ravage-napa-sonoma-20171009-htmlstory.html

 

PARA IR

 

LANÇAMENTO DA PLATAFORMA 2018: BRASIL DO AMANHÃ

Museu do Amanhã, Rio de Janeiro

Dia 16/outubro, das 17:30 – 21:00

Um debate sobre Os Caminhos da Democracia Brasileira com a participação de Herman Benjamin (STJ/TSE), Marcos Nobre (UNICAMP), José Marcelo (GIFE) e Ilona Szabó (Instituto Igarapé), com a mediação de Flávia Oliveira (Globonews).

Também acontecerá a exibição de “História do Futuro – Terra, a fortuna e o destino” e uma conversa entre Míriam Leitão (GloboNews) e Marcelo Furtado (Believe Earth), com mediação de Flávia Oliveira (GloboNews).

https://museudoamanha.org.br/pt-br

 

REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA & ACERVO MCB

Desde 08/outubro, no Museu da Casa Brasileira, São Paulo

O acervo do Museu da Casa Brasileira é constituído de parte de uma floresta ancestral desaparecida há cerca de um século. Suas madeiras são testemunhos de seculares jequitibás, canelas e jacarandás que têm aqui a última existência na forma do mobiliário da coleção. Oportunidade para conhecer um pouco da exuberância primitiva da vegetação brasileira, com árvores de grande porte, muitas com mais de 30 metros de altura, que aos poucos foram desaparecendo.

http://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/exposicao-mostra-mata-atlantica-do-inicio-do-seculo-20/

 

LANÇAMENTO DO PORTAL DO CÓDIGO FLORESTAL (virtual)

Hoje, 10 de Outubro 2017.

O Observatório do Código Florestal lança hoje seu Portal do Código Florestal, uma ferramenta desenvolvida para informar, refletir, promover a transparência e contribuir para o monitoramento da implantação da Lei Florestal Brasileira.

A plataforma busca dar transparência ao consumidor sobre os produtos que ele compra, fornecendo-lhe assim um poder de ação importante. O pessoal que desenvolveu o portal acha necessário que o comprador de commodities exija o cumprimento desta legislação por parte de seus fornecedores e que os produtores rurais se adequem a ela.

http://portaldocodigo.org/

 

PARA OUVIR

 

PODCASTS DNV

A DNV, multinacional de auditoria, qualidade e mensuração de riscos, está montando uma coleção de podcasts com especialistas em energia de todo o mundo. Os temas debatidos até agora foram:

Digitalization & the energy ecosystem

Towards a future of net zero emissions

How can the disruptive 3D’s: Decarbonization, Decentralization and Digitalization positively impact on business? DNV GL talks to Csilla Kohalmi-Monfils & EVP Strategy

The rise of the circular economy

Impact of ICT on energy ecosystems

The New Energy Outlook – looking to 2040

Energy efficiency programs

Drones as industry disruptors

Facilitating offshore wind in India

Changes and challenges for solar PV in South East Asia

How will smart grid applications change the energy system?

Future of the electricity landscape

https://www.dnvgl.com/energy/publications/podcast/index.html