ClimaInfo, 7 de fevereiro de 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

MME QUER FAZER MEGALEILÃO DE PETRÓLEO EM JUNHO

O ministro de minas e energia, Coelho Filho, quer fazer um megaleilão de petróleo em junho, no qual acredita poder arrecadar entre R$ 75 e R$ 90 bilhões com o volume excedente da cessão onerosa. O megaleilão, entretanto, tem como pré-requisito um acordo em torno da revisão do contrato de cessão onerosa firmado entre União e Petrobras em 2010. A estatal ganhou o direito de explorar seis blocos do pré-sal, mas o contrato precisa ser atualizado. Depois de cinco anos, as partes concordaram em rever as condições, sob novos parâmetros. O problema é que, como admite o ministro, a Petrobras é credora na revisão e o Tesouro não tem como fazer em dinheiro o acerto das diferenças. A solução seria uma medida provisória permitindo que o pagamento em mais barris de petróleo à Petrobras. O assunto ainda não tem consenso no governo. Enquanto a Petrobras e o Ministério de Minas e Energia têm interesse em uma solução rápida, há resistência no Planejamento e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Enquanto isso, a produção de petróleo no pré-sal ultrapassou a do pós-sal. O pré-sal foi responsável por 50,7% da produção de 3,325 milhões de barris por dia. Impressiona a velocidade da exploração do pré-sal: seu primeiro barril foi extraído em 30 de abril de 2009.

http://www.valor.com.br/brasil/5280801/megaleilao-pode-render-r-75-bi

http://epbr.com.br/anp-lanca-pre-edital-do-4o-leilao-do-pre-sal/

http://www.valor.com.br/brasil/5290773/leiloes-marcados-para-marco-e-junho-devem-arrecadar-r-35-bi-projeta-anp#

http://www.valor.com.br/brasil/5290767/leilao-pode-sair-antes-de-acordo-com-petrobras-diz-secretario

http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/producao-do-pre-sal-supera-pela-primeira-vez-do-pos-sal.html

 

PRÉ-SAL: PETROBRAS E TOTAL COMPLETAM ACORDO DE US$ 1,9 BI

A Petrobras completou a venda de participações em campos de exploração do pré-sal para a petroleira francesa Total, numa transação que alcançou o valor total de US$ 1,95 bilhão. Pedro Parente, o presidente da Petrobras, comemorou o negócio dizendo que a transação “representa um passo importante em nossa aliança estratégica. Como a Petrobras é líder na exploração de pré-sal e a Total é líder na exploração de poços em águas profundas na África do Sul, nossa parceria tem potencial para reduzir nossos riscos exploratórios e tornar as duas empresas mais competitivas”. E Patrick Pouyanné, CEO da Total, disse que, com a transação, “a Total está desenvolvendo uma posição importante no Brasil, em uma das bacias mais prolíficas em todo o mundo… Estamos especialmente satisfeitos por sermos a primeira das major do petróleo a operar um campo produtor de pré-sal no Brasil”.

http://en.mercopress.com/2018/01/16/petrobras-and-total-confirm-completion-of-strategic-alliance-involving-us-1.9bn

 

EXXON DESCOBRE MASSIVAS RESERVAS DE PETRÓLEO NA GUIANA

A Exxon fez seis descobertas recentes nas águas profundas da costa da Guiana. Até agora, as reservas recuperáveis associadas estão estimadas em 3,2 bilhões de barris, o suficiente para uma extração de 200 mil barris por dia por mais de 40 anos. Com estas descobertas, a Guiana deve se transformar em um dos países de maior produção no ocidente.

https://www.nytimes.com/2017/01/13/business/energy-environment/major-oil-find-guyana-exxon-mobile-hess.html

https://seekingalpha.com/article/4140641-nobody-talking-exxon-mobils-massive-guyana-discoveries

 

SHELL COMEÇA A LIMPAR AS GAVETAS

Meses de deliberações a portas fechadas na sede da Shell, levaram a maior petrolífera não estatal do mundo a concluir que a indústria está mudando fundamentalmente – de forma a transformar a operação lucrativa das areias betuminosas em um passivo. Estudos internos de um grupo de analistas da Shell conhecido como “time de cenários” concluíram que a demanda mundial por petróleo pode atingir seu pico dentro de uma década. A Shell espera que a demanda global por gás natural continue aumentando por várias décadas ainda. A empresa vem diminuindo seu portfólio de projetos petrolíferos com a intenção de manter apenas os de custos suficientemente baixos para gerar bons retornos em um mundo em que os preços do barril não passem de US$ 40, muito abaixo do preço médio na última década. http://fortune.com/2018/01/24/royal-dutch-shell-lower-oil-prices/

 

BP REORIENTA INVESTIMENTOS

A BP está buscando um futuro além do petróleo. O chefe da Upstream Division, Bernard Looney, admitiu que algum petróleo será deixado no subsolo: “Estamos enfrentando concorrência de fontes alternativas de energia, como nunca tivemos antes… Temos mais petróleo do que o mundo precisa… A mudança é estrutural… está aqui para ficar e a competitividade é, pelo menos para nós, o caminho a seguir”.

A BP e as demais gigantes globais do petróleo enfrentam uma crescente pressão de investidores e de ativistas ambientais que consideram arriscado o crescimento da exploração de fósseis quando os governos reforçam os regulamentos climáticos e as fontes renováveis proliferam. A empresa, assim como a Shell, vê mais futuro no gás natural como uma ponte para um futuro de energia mais limpo.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-01-30/bp-reshapes-portfolio-to-ensure-oil-assets-aren-t-left-undrilled

 

OS NÚMEROS DA CRISE DA GE

A GE foi pega no contrapé da transição energética: apostou forte em gás e agora está vendo esse mercado desmoronar com a queda dos preços de solar e eólica – que, de quebra, têm custos de manutenção muito menores.  Resultado: prejuízo de 10 bilhões de dólares apenas nos três últimos meses de 2017, puxados, em grande parte, pela divisão de equipamentos de geração de energia elétrica, cujas encomendas encolheram 25% e o lucro caiu 88% no período. A divisão de petróleo e gás registrou uma queda de 25% do lucro ajustado, para US$ 307 milhões, sem considerar os custos de reestruturação. Com eles, o prejuízo da divisão vai a US$ 105 milhões.

Para completar o inferno astral, a empresa está sendo investigada pela Security and Exchanges Commission.

http://www.valor.com.br/empresas/5279081/ge-reverte-lucro-e-tem-prejuizo-de-us-9826-bi-no-quarto-trimestre

https://www.terra.com.br/economia/general-electric-tem-prejuizo-de-us10-bi-e-queda-de-receita-no-4-tri,8cb9054d5934eae05d3c382aacb3b4b0suqzkufo.html  

https://www.reuters.com/article/us-ge-results/sec-investigating-ge-charge-company-posts-10-billion-loss-idUSKBN1FD1IC

http://thehill.com/policy/finance/370461-koch-groups-urge-trump-to-oppose-gas-tax-increase

 

A IMPORTAÇÃO DE ETANOL VAI BEM, OBRIGADO

A supersafra de milho norte-americano no ciclo 2016/17 baixou os baixos preços do etanol a tal ponto que ele continua atrativo mesmo com o adicional de 20% para o que excede a cota trimestral de 150 milhões de litros estabelecida pelo governo. As usinas importam o anidro e o transformam em hidratado para atender um aumento de demanda interna que os produtores não conseguem suprir. Até o fim de janeiro, 18 navios carregados de etanol devem desembarcar em portos brasileiros – dois a mais que em janeiro de 2017. Não é de se estranhar, portanto, que o etanol continue caro nos postos de gasolina Brasil afora. Blairo Maggi fala em rever a cota e a associação do setor, a UNICA, rebate que isso seria uma fonte de insegurança para o setor.  A fria economia, por sua vez, aponta que esse cenário deverá se repetir na próxima safra com ou sem revisão, já que as importações estão ocorrendo mesmo fora da cota.

http://www.valor.com.br/agro/5280555/importacao-de-etanol-continua-elevada-mesmo-com-taxacao

 

PARIS ESTUDA PROCESSAR EMPRESAS FÓSSEIS POR DANOS AO CLIMA

O conselho da cidade de Paris anunciou a intenção de seguir o exemplo de Nova York e explorar as possibilidades que tem para entrar com um processo legal contra as empresas de combustíveis fósseis por causarem danos ao clima. O conselho da cidade também decidiu que fará lobby no âmbito do grupo C40 de Liderança Climática das Cidades, do qual a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, é presidente, para que outras grandes cidades, como Londres, também assumam o compromisso de se retirar de investimentos em combustíveis fósseis

https://elus-paris.eelv.fr/2018/01/23/voeu-pour-un-paris-decarbone/

https://350.org/pt/paris-ira-processar-industria-fossil-por-danos-ao-clima/

 

GRANDE DISTRIBUIDORA DOS EUA ABRAÇA SOLAR E EÓLICA

A distribuidora de eletricidade Xcel Energy, que tem milhões de clientes do Texas ao Michigan, fez um leilão para a construção de plantas eólicas e solares no Colorado. As ofertas vieram tão baixas que a empresa poderá construir e operar as novas plantas por menos dinheiro do que teria que pagar apenas para continuar operando suas antigas usinas a carvão. A empresa decidiu substituir duas grandes termelétricas a carvão por uma combinação de eólicas, solares e algum gás natural. Com isto, a empresa espera economizar dezenas de milhões de dólares. As contas de energia no Colorado vêm caindo e devem cair ainda mais com o plano.

A empresa também cortará fortemente suas emissões de gases de efeito estufa e alcançar muito antes no tempo os requisitos de energia limpa colocados pelos reguladores. A Xcel prevê agora que mais de metade da sua eletricidade virá de fontes renováveis ​​até meados dos anos 2020.

https://www.nytimes.com/2018/02/06/opinion/utility-embracing-wind-solar.html?smid=fb-share

 

QUATRO EM CADA CINCO PAÍSES ATRASAM PAGAMENTO À UNFCCC

Alguns daqueles que se apresentam como líderes em mudanças climáticas estão falhando no básico: pagar sua contribuição ao órgão da ONU que cuida desse tema, a UNFCCC.  A lista de 166 nações em débito inclui o Brasil, mas também pesos-pesados como China, França e Alemanha – além, é claro, dos EUA de Donald Trump.  O orçamento aprovado pelos negociadores para apoiar o processo de negociações climáticas e a implementação do Acordo de Paris em 2018 e 2019 é de US$ 71 milhões).  A contribuição de cada país é calculada de acordo com a riqueza relativa e status de desenvolvimento de cada país.  Segundo essa fórmula, os EUA devem financiar 21% desse orçamento básico.  Na última conferência climática da ONU, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a Europa cobriria o déficit deixado pela recusa de Trump em contribuir com o corpo científico da ONU. Esta semana, ele disse que decidiu “tornar a França um modelo na luta contra a mudança climática”. Até agora, no entanto, as palavras não se traduziram em ações – ou melhor, em contribuições.
http://www.climatechangenews.com/2018/01/25/france-germany-us-among-166-countries-late-un-climate-dues/

 

ESTUDO MOSTRA QUE NÃO É SÓ O CALOR QUE FAZ A NEVE DERRETER

Para quem só vê neve eventualmente, como nós, brasileiros, este estudo pode não parecer relevante. Mas para comunidades que dependem do derretimento da neve para seu abastecimento, como tantas ao longo da Cordilheira dos Andes, este estudo pode ajudar a um melhor gerenciamento dos recursos hídricos.  Ele foi feito pela Universidade de Utah e conseguiu entender o papel da maior umidade do ar, consequência do aquecimento global, no derretimento da neve – um fator que até agora não era levado em conta.  Desta forma, fica mais fácil prever que invernos de céus mais cobertos (portanto mais úmidos) terão um derretimento mais rápido da neve, o que significa estoques menores para os meses subsequentes.  Estoques menores de neve estão na raiz da retração dos grandes glaciares e geleiras dos quais várias comunidades dependem para o abastecimento de água potável.

http://www.pnas.org/content/early/2018/01/12/1716789115.full

https://www.sciencedaily.com/releases/2018/01/180122150754.htm

 

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