ClimaInfo, 28 de maio 2018

ClimaInfo mudanças climáticas

CRISE DO DIESEL: O CONTEXTO ECONÔMICO

Logo após a crise de 2009, e até o primeiro governo Dilma, a compra de caminhões passou a ser incentivada com empréstimos subsidiados do BNDES. A ação foi parte da política econômica contracíclica (lembram da marolinha?). De 2009 até hoje a frota aumentou 40%, enquanto a economia cresceu 11%. O excesso de oferta de caminhões pressionou o frete para baixo. Vale lembrar que a movimentação de veículos pesados nas estradas pedagiadas, hoje, está quase 12% abaixo do pico de fevereiro de 2014. Ao mesmo tempo, os problemas da Venezuela e o affair Trump-Irã, entre outras, elevaram o preço do petróleo em momento de Real fraco, daí que o preço dos derivados do petróleo em Reais explode, dada a política da Petrobras que vincula o preço na boca da refinaria ao preço internacional, e não à sua planilha de custos.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/samuelpessoa/2018/05/comedia-de-erros.shtml

 

CRISE DO DIESEL: MIOPIA GOVERNAMENTAL

Há um século, os trens no Brasil só perdiam para a Índia em número de pessoas transportadas. Paralelamente, o mundo entrava fundo na era do petróleo, mas EUA e Europa – mais esta última – construíram um sistema multimodal integrado. No pós-guerra, sob pressão de aliados, o Brasil decidiu substituir as ferrovias por estradas. Sem visão de longo prazo, todos os governos que se seguiram fomentaram a infraestrutura rodoviária e praticamente abandonaram as ferrovias. Só recentemente este movimento se reverteu em parte, mas com ferrovias dedicadas quase que exclusivamente ao transporte de minérios. Segundo Paulo Resende, coordenador do núcleo de infraestrutura e logística da Fundação Dom Cabral, formou-se assim “uma das matrizes de transportes mais desequilibradas já vistas”. A miopia governamental não enxergou que já há alguns anos as cadeias de suprimento deixaram de trabalhar com grandes estoques e passaram a usar uma estratégia just in time, que tem a vantagem de reduzir os custos de estocagem, mas cria riscos na possibilidade de desabastecimento, se o transporte não se mostrar eficiente. A fera criada mostra agora suas garras. Poucos dias de paralisação foram suficientes para romper linhas de produção, provocar falta de gêneros de primeira necessidade e muito mais. Para Resende, “é o preço pago por uma nação governada por interesses mesquinhos, sem a menor preocupação com as estratégias necessárias para termos um grande Estado”.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,aprendendo-a-licao-da-pior-maneira-possivel,70002325198

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/05/25/Por-que-o-Brasil-abriu-m%C3%A3o-do-trem-e-ficou-dependente-do-caminh%C3%A3o

 

CRISE DO DIESEL PODE AFETAR GERAÇÃO NUCLEAR DE ENERGIA

O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, decretou situação de emergência pública por causa da crise de desabastecimento de combustível, dizendo que existem “duas usinas nucleares em Angra e não vamos ter plano de emergência nenhum funcionando sem combustível na cidade… se Angra não tiver prioridade no abastecimento de combustível para que se possa exercer o Plano de Emergência das usinas nucleares, será pedido o desligamento de Angra I e Angra II”.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/05/angra-dos-reis-decreta-emergencia-usinas-nucleares-podem-ser-desligadas.shtml

 

AS CONTAS DE LUZ FICARÃO MAIS CARAS EM JUNHO

Junho já começa mais caro: a Aneel elevou a bandeira vermelha ao nível mais alto e a conta de luz ficará R$ 5 mais cara a cada 100 kWh consumidos. A bandeira tarifária só esteve nesse patamar em outubro e novembro do ano passado, por conta das chuvas que estavam demorando a chegar. Em outubro, a reservação estava em 25% da capacidade máxima. Na semana passada, estava em 63%.

https://oglobo.globo.com/economia/conta-de-luz-ficara-mais-cara-em-junho-22717855

 

GERADORAS PRESSIONAM POR ARTIGO DA MP DA ELETROBRÁS

A versão original da MP 814 tinha dois artigos importantes: um que abria o processo de privatização da Eletrobras e outro que tentava acertar o compasso entre o balanço das geradoras e a hidrologia. Na sua curta passagem pela câmara, os jabutis adicionados levariam a um tarifaço. O candidato a presidente, e presidente da câmara, Rodrigo Maia, disse que não vai colocar um tarifaço na pauta de votação num ano de eleições. A MP caduca na 6a feira. Se não for aprovada, o governo terá que reapresentá-la na forma de projeto de lei, o que demora anos a tramitar. As geradoras entraram em crise e estão fazendo enorme pressão sobre a câmara e o senado para que aprovem a versão original, que não aumenta a tarifa de ninguém, pelo menos no curto prazo.  A não aprovação nesta semana gerará um rombo apreciável nos seus balanços.

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,rombo-em-usinas-leva-setor-ao-congresso,70002325766

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,hidreletrica-jirau-tem-recursos-para-honrar-compromissos-apenas-ate-agosto,70002325262

 

PRESSIONADOS, RURALISTAS ADMITEM REVER PL DOS AGROTÓXICOS

A pressão do MPF, de celebridades, artistas, ONGs e até de cientistas em cartas enviadas à revistas como a Nature parece estar funcionando. O relator do PL do Veneno disse estar revisando o texto que retirava da Anvisa e do Ibama a atribuição de, junto com o ministério da agricultura, aprovar ou não agrotóxicos. Jarbas Barbosa, da Anvisa, falou para o Valor que “se for aprovado do jeito que está, o projeto de lei trará danos à saúde e ao meio ambiente. O texto confere caráter apenas consultivo às atribuições da Anvisa e do Ibama, o que é um absurdo”. O relator não comentou se revisará pontos sérios, como dar por aprovado o veneno caso essas análises excedam um prazo inexequível e outras maluquices como chamar os venenos de “fitossanitário”.

http://www.valor.com.br/agro/5548641/pressao-funciona-e-projeto-de-lei-de-agrotoxicos-sera-revisto

 

TEMER ENTREGA ICMBIO E CONSELHO DIRETOR DO INCRA DÁ TERRAS QUILOMBOLAS PARA EMPRESA DE SARNEY

O ex-presidente-em-exercício Temer manteve o PROS na sua base de apoio dando em troca o ICMBio, para o qual indicou um jovem varejista que não tem nada no seu currículo que o gabarite para o cargo. Reações várias pipocaram durante todo o final de semana, indo desde carta de seis ex-ministros do meio ambiente enviadas a Temer e ao ministério do meio ambiente até manifestações nos Parques Nacionais. Os Parques Nacionais da Tijuca, Iguaçu, Serra dos Órgãos, Brasília, Itatiaia e Fernando de Noronha fecharam por uma hora em protesto enquanto os funcionários explicavam aos visitantes o motivo da paralisação.

Enquanto isso, o conselho diretor do INCRA se mostrou à altura do governo Temer. No último dia 17, eles reduziram uma terra quilombola de 4.300 hectares para 731. A diferença ficou para a empresa imobiliária Divitex Pericumã, de José Sarney e sócios.

http://www.observatoriodoclima.eco.br/nota-observatorio-clima-sobre-sucessao-no-icmbio/

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/05/27/interna_politica,683901/politicos-assinam-carta-contra-novo-presidente-do-icmbio.shtml

https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/meio-ambiente/em-carta-enviada-temer-ex-ministros-lamentam-indicacao-politica-para-icmbio-22722689

https://www1.folha.uol.com.br/amp/ambiente/2018/05/parques-sao-fechados-em-protesto-contra-indicacao-de-temer-para-orgao-ambiental.shtml

https://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/governo-reduz-territorio-quilombola-em-823-e-beneficia-empresa-de-sarney.html

 

ESPECIALISTAS FALAM SOBRE CLIMA E SEGURANÇA

O seminário Clima e Segurança promovido dentro dos Diálogos Futuro Sustentável na semana retrasada foi comentado por Daniela Chiaretti no Valor. Ela fala da participação alemã: o embaixador e um consultor, cuja preocupação é voltada para as mudanças geopolíticas causadas pelas crises hídricas e pela segurança energética dos países, ambas potencialmente multiplicadas pela mudança do clima. O seminário foi oportuno porque explicitou uma diferença de enfoque entre os alemães e a diplomacia brasileira. Os primeiros entendem que a mudança do clima é grave o suficiente para o tema ser objeto do Conselho de Segurança da ONU, composta por 5 membros permanentes e 10 rotativos, um clube seleto, portanto. Patrícia Soares, do Itamarati, apontou que a ONU delegou o tema à Convenção do Clima, onde todos os países participam, numa governança muito mais ampla.

Sérgio Margulis, do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), deu uma prévia de um trabalho que está terminando sobre as vulnerabilidades da infraestrutura nacional a eventos extremos. Foram analisadas estradas, linhas de transmissão, barragens e outros pontos potencialmente em perigo. Sua conclusão é que o Brasil não deve sofrer danos grandes e que pode haver interrupções de serviços localizados que seriam restaurados em tempo relativamente curto. Ele citou que as barragens das hidrelétricas foram construídas para aguentar tempestades e subidas rápidas de níveis piores das que virão pela mudança do clima. No final, ele indicou uma única barragem, a de Santana, parte do Complexo Lages-Light que abastece todo o Grande Rio, que poderia, no caso de um evento muito extremo, comprometer esse abastecimento ou inundar rapidamente uma área urbana próxima.

http://www.valor.com.br/cultura/5547731/o-clima-na-equacao-da-crise

 

SOS COMEMORA O MENOR DESMATAMENTO DA MATA ATLÂNTICA EM 33 ANOS

O bioma nacional mais devastado é cada vez menos desmatado. O monitoramento da Mata Atlântica indicou que, em 2017, o desmatamento foi o menor desde 1985. Naquele ano, o desmatamento foi quase dez vezes maior do que no ano passado. A lei de proteção do bioma parece estar fazendo efeito. Mas antes de comemorar como conquista definitiva, Marcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica, lembra que o patamar certamente é menor do que há décadas atrás, mas que ainda há oscilações. Por exemplo, entre 2015 e 2016, por exemplo, a taxa foi quase o triplo desta do ano passado.

As estimativas em relação à área que ocupava, indicam que restam pouco mais de 12% ainda em pé e boa parte extremamente fragmentada. Márcia diz que se sabe onde o grosso do desmatamento acontece: em Minas Gerais, no sul da Bahia, por causa da indústria de celulose, e no centro-sul do Paraná, também por conta da celulose e do mobiliário. “Em Minas, por exemplo, a questão principal é a produção de carvão e a substituição da mata nativa pelo plantio de eucalipto. Com isso, fica claro onde a Polícia Federal deve agir para controlar essa tendência.”

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/05/desmatamento-da-mata-atlantica-e-o-menor-desde-1985-diz-levantamento.shtml

 

CICLONE MEKUNU VARRE A PENÍNSULA ÁRABE. EM OMÃ HOUVE 6 MORTES E 40 DESAPARECIDOS

O ciclone Mekunu passou tangenciando a Península Árabe e bateu em cheio no litoral do Iêmen e de Omã. Foi o primeiro ciclone registrado a passar pelos dois países. Em Omã, na 6a feira, o Mekunu deixou 6 mortos e, até domingo, contavam-se 40 pessoas desaparecidas.

Meteorologistas avisam que este ano as monções estão irregulares e seus mapas indicam mais tempestades fortes na mesma região atingida pelo Mekunu, secas no Paquistão e oeste da Índia, muita chuva no resto daquele país e em Bangladesh e risco de ciclones maiores e mais frequentes no litoral do sudeste da Ásia.

https://www.accuweather.com/en/weather-news/oman-yemen-on-alert-for-strengthening-cyclone-mekunu-state-of-emergency-declared-in-socotra/70005018

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2018/05/25/cinco-pessoas-morrem-e-40-ficam-desaparecidas-em-ilha-no-iemen-apos-ciclone.htm

https://www.accuweather.com/en/weather-news/2018-asia-summer-forecast-drought-flood-risk-to-increase-from-uneven-monsoon-while-the-potential-for-strong-typhoons-exists/70004904

 

PARA RIR: HAMBURGUERIA DE BRASÍLIA USA CAVALOS EM DELIVERY POR FALTA DE COMBUSTÍVEL

Exemplo de criatividade em tempos de escassez de combustível.

https://glo.bo/2s7W3hv

 

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