A crise humanitária do clima começa pela fome

Ben Ehrenreich foi à Somalilândia, em 2017, e conta no The Nation que a mudança do clima por lá é sinônimo de uma fome trágica. No ano anterior, as chuvas de outono não vieram. Também não vieram na primavera, e as pessoas contavam que tinham perdido 90% de seus rebanhos. Ele descreve que, quando se começa a ver animais mortos, é sinal de que está se aproximando de uma vila. Por toda parte, houve uma migração para os arredores das cidades formando comunidades “sem perspectivas a não ser de mais perdas”. No ano passado, as chuvas da primavera voltaram, mas os rebanhos já haviam sido perdidos e, quando as de outono novamente vieram fracas, a ameaça da fome se intensificou. Ehrenreich conta esse drama para mostrar que a mudança do clima está aí e tem consequências trágicas e duradouras, que destróem o modo de vida de populações que já vivem em situação de miséria. “A invisibilidade de longa data, por parte de poucos privilegiados, da maioria dos pobres do planeta foi agravada e ampliada. A miopia e a cegueira encontram temperaturas e mares crescentes para formar mais uma convergência catastrófica.”

Em tempo: a Somalilândia declarou sua independência da Somália em 1991, mas não foi reconhecida internacionalmente. Ela fica no nordeste da Somália, quase no chifre da África.

 

Boletim ClimaInfo, 13 de março de 2019.