Energia Nuclear, a prisão de Temer e as “ajudas” governamentais aqui e nos EUA

22 de março de 2019

Soube-se, ontem, que a prisão do ex-presidente Michel Temer teve origem nas investigações sobre a construção da usina de Angra 3 que tiveram origem na delação da Engevix, responsável por parte da obra. Estariam envolvidos o ex-almirante Othon Pinheiro, já condenado a 43 anos de prisão, e o amigo do ex-presidente, Coronel Lima. Segundo Fausto Macedo, no Estadão, “com custo estimado em R$ 14 bilhões e com as obras atrasadas, Angra 3 envolveu propinas de 1% nos contratos ao partido do presidente, segundo confessaram à força-tarefa da Lava Jato delatores das empreiteiras UTC, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. A construção sob a responsabilidade da Eletronuclear – controlada pela estatal Eletrobrás – foi dividida em vários pacotes contratuais.”

O término da construção de Angra 3 é tido como estratégico nos planos do ministro de minas e energia, Almirante Bento Albuquerque. André Borges, também para o Estadão, conta que Angra 3 tem uma dívida de mais de R$ 6 bilhões para com o BNDES. E, segundo uma nota da dona da usina, a Eletronuclear, “foram feitas diversas tentativas de renegociação das condições de pagamento deste empréstimo, porém sem sucesso. O BNDES só aceita uma revisão mediante garantia da conclusão da obra”. As estimativas de quanto falta para concluir a obra variam entre R$ 14 e R$17 bilhões.

Até nisso o atual governo se alinha com Trump. Segundo a Bloomberg, Trump prometeu colocar US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões) para terminar a construção de uma usina nuclear na Georgia cujo preço, no final, estaria estimado em perto de US$ 20 bilhões. A capacidade de geração da usina da Georgia é quase o dobro da de Angra 3.

Em tempo: no começo da semana um comboio transportando combustível nuclear para Angra 1 e 2 teria feito uma troca de tiros com um pessoal do Morro do Frade, em Angra. Uma nota da Eletronuclear avisou que a troca de tiros aconteceu depois dos caminhões terem passado pelo local. Mas nossa atenção foi chamada pelo trecho final da nota: “Se um tiro de arma de fogo conseguisse atravessar a proteção do contêiner, poderia danificar o combustível nuclear. No entanto, isso não colocaria em risco a população nem o meio ambiente. O urânio contido em um elemento combustível está em estado natural, tendo o mesmo nível de radioatividade encontrado na natureza.” Mas o combustível, o isótopo 235 do urânio, é encontrado na natureza misturado com o isótopo 238, muito menos radioativo. A produção do combustível nuclear é um processo que consiste exatamente em aumentar a concentração do U-235 até o ponto deste ser capaz de provocar uma reação nuclear dentro de um reator. Em “estado natural” não há reação nuclear. Em estado de combustível, sua radiação é muitas vezes superior à encontrada na natureza.

 

Boletim ClimaInfo, 22 de março de 2019.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar