Guerra comercial entre EUA e China pode levar a um desmatamento catastrófico, dizem cientistas europeus

Um trabalho assinado por pesquisadores europeus virou manchete em todo o mundo: os autores concluíram que, se a guerra comercial entre China e EUA for escalada, os chineses terão que comprar quantidades cada vez maiores de soja do Brasil.se a guerra comercial entre China e EUA for escalada, os chineses terão que comprar quantidades cada vez maiores de soja do Brasil. Numa conta “feita no joelho”, os pesquisadores estimaram que, se a soja hoje comprada dos EUA passar a ser comprada do Brasil, para dar conta, o país teria que plantar mais 13 milhões de hectares. E assumiram automaticamente que isso seria feito desmatando a Amazônia. Os autores continuam com sua conta no joelho quando admitem que a China compraria parte da soja de outros países. Mesmo assim, consideram que o Brasil precisaria de novos 6 milhões de hectares. O trabalho assume uma produtividade quase 20% menor do que a média das últimas safras; além disso, o censo agropecuário do ano passado mostrou que as propriedades rurais ocupam uma área de 350 milhões de hectares. A área plantada com soja é cerca de 38 milhões de hectares. É irreal supor que o mundo rural continuará plantando as mesmas coisas nos demais 312 milhões de hectares. Certamente uma demanda maior de soja cria pressão por mais áreas, principalmente no Cerrado. Mas longe de levar a um desmatamento deste tamanho.

Jonathan Watts, do The Guardian, conhecedor da realidade brasileira, foi bem cauteloso.

Em tempo 1: ainda na semana passada, o Imazon mostrou que o desmatamento da Amazônia diminuiu em fevereiro, quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Os dados são indicativos; os valores oficiais do PRODES-INPE devem sair no começo do 2º semestre.

Em tempo 2: por falar em Imazon, em um evento recente, Paulo Barreto disse que “o governo atual já deu seu recado em relação à demarcação de Terras Indígenas, causas ambientais e desmatamento. Já disse que isso não é um problema. Resta saber se o mercado vai achar isso um problema”.

 

ClimaInfo, 1 de abril de 2019.

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