Governo quer espalhar mais centrais nucleares pelo país

Governo quer espalhar mais centrais nucleares pelo país

Reive Barros, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, disse que o governo pensa em construir mais usinas nucleares, desta vez na fronteira de Pernambuco com a Bahia, perto de onde sai o Canal Leste da Transposição do São Francisco. Barros disse que o Brasil gastará R$ 30 bilhões para ali construir usinas com capacidade total de 6,6 GW, o que daria, no câmbio atual, menos de US$ 2.000 cada kW instalado. A conta é estranha, já que se estima que as usinas mais baratas saiam de 50% a 100% mais caras que isso. Barros não comentou, mas fica a impressão de que a tarifa maluca que viabiliza terminar Angra 3 poderia ser estendida para as planejadas. Só para comparar, acaba de ser fechada a construção de uma térmica a gás natural no porto de Açu. Ela tem mais ou menos o tamanho de Angra 3 e, provavelmente, dos reatores que andam na cabeça de Barros. Para construir, operar e fazer a manutenção, a empresa contratada receberá US$ 1,12 bilhão, ou US$ 860 por kW, 40% menos do que o valor de Barros e 2,5 vezes menos do que as usinas nucleares mais baratas da atualidade.

Vale lembrar que a ideia de usinas nucleares naquele ponto vem do século passado e foi motivo de caravanas e protestos contra o projeto.

Só isso já é motivo para os ministros Moro e Guedes abrirem os olhos. Mas tem mais. O Rio São Francisco já não é mais o mesmo e suas águas alimentam hidrelétricas e a transposição do rio para muitos açudes do agreste nordestino. Colocar nucleares para competir pelo uso dessa água devia ser considerado um crime contra a população que sofre com as secas.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2019.

 

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