Investidores e cientistas fazem crítica pesada aos cenários futuros da Agência Internacional de Energia

O World Energy Outlook publicado no ano passado pela Agência Internacional de Energia (IEA) trouxe alguns cenários para o aquecimento global, dos quais, o que a Agência pensava ser o mais crível, nos levaria a um aquecimento maior que 3°C acima dos níveis de temperatura pré-industriais. Mesmo o cenário menos agressivo, apresentava 50% de chances de termos um aumento da temperatura média da ordem de 1,7°C. Nesta semana, o Financial Times publicou uma carta de gestores de investimento e cientistas do clima endereçada à Agência que faz uma forte crítica ao Outlook: “Sem a inclusão de um cenário central e realístico de 1,7°C, o World Energy Outlook abdicaria de sua responsabilidade de continuar a mapear os contornos do caminho do setor energético global”. Para Ingrid Holmes, da Hermes Investment Management, “na pior situação, a Agência poderia usar esses cenários como folhas de figueira para disfarçar a inação.” A carta pede à IEA que concentre seus cenários em torno das metas do Acordo de Paris e não mais no que a Agência chama de “Cenário de Novas Políticas”, que não passa do velho conhecido business-as-usual. Preocupa a influência da Agência sobre os governos, o mundo dos negócios, os grupos de lobby e até sobre as ONGs climáticas.

É frequente se ouvir a crítica de que a IEA é fortemente influenciada pela indústria fóssil, e são frequentes os discursos de seu presidente a seu favor. Assinam a carta, entre outros, a Hermes Investment Management, o Allianz Group e a Legal & General Investment Management. Até o Houston Chronicle, da capital mundial do petróleo, publicou uma matéria sobre a crítica à Agência.

 

ClimaInfo, 5 de abril de 2019.

x (x)