Brasil na frigideira internacional

O ministro do meio ambiente cancelou a viagem que faria nesta semana a França, Alemanha, Reino Unido e Noruega. O motivo, claramente, foi a repercussão da carta publicada na revista Science, na qual mais de 600 cientistas pediram à União Europeia o condicionamento do comércio com o Brasil à boa gestão do meio ambiente. O presidente também cancelou a viagem marcada para a malfadada homenagem que a Câmara de Comércio Brasil-EUA lhe ofereceria em Nova Iorque porque, segundo seu porta-voz, “ficou caracterizada a ideologização da atividade”. A Folha, a UOL, o The Guardian e a Voice of America deram a notícia e comentaram.

Estes dois cancelamentos explicitam o que já se percebia na imprensa e no mundo dos negócios internacionais: o governo Bolsonaro não tem apoio do capital externo, que não virá para o Brasil. A reforma da previdência, alardeada como marco para a retomada dos investimentos internacionais, é irrelevante, não será capaz de suplantar os impedimentos políticos causados por um governo racista, homofóbico, misógino, destruidor implacável do meio ambiente e ameaçador para os Povos Originários. É bastante provável que presenciemos em futuro próximo ondas de desinvestimento e construção de barreiras de todo tipo às exportações do país, principalmente contra as do agronegócio. Como disse Josias de Souza no UOL, o Brasil “está na frigideira internacional. E o capitão não esboça a mais remota intenção de sair do óleo quente.”

 

ClimaInfo, 6 de maio de 2019.