Salles refuta ataques e nega desmanche no meio ambiente

Em entrevista dada antes da reunião dos ex-ministros do meio ambiente à Daniela Chiaretti, do Valor, o atual ministro repetiu sua versão repaginada do bordão “herança maldita”: “Recebi o ICMBio destruído, com frota sucateada, prédios abandonados, falta de quadros. O Ibama, a mesma coisa (…) Estou consertando o que eles fizeram.” Com o bordão, Salles parece querer encobrir o fato de a área ambiental ter sofrido “cortes profundos de orçamento nos últimos anos, consequência do ajuste fiscal do governo de Michel Temer, lembra a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira. Os cortes penalizaram a área, observou à época o ministro José Sarney Filho”, conforme explica outra matéria do Valor. Nesta, Isabella acrescenta: “Embora se tenha experimentado desde 2015 redução de recursos, não tinha sucateamento no Ibama. Frota, barcos e helicópteros eram terceirizados. Recursos internacionais para Áreas Protegidas da Amazônia [Arpa] e compensação ambiental estavam na ordem do dia.”

Entre as várias perguntas instigantes feitas por Daniela Chiaretti (vale ler a entrevista completa), o ministro foi perguntado sobre o Ibama ter dado ok para o leilão de áreas de petróleo nas proximidades de Abrolhos. Salles disse que esse “ok” não era garantia de licença, e emendou em seguida dizendo que “outros lotes já licitados e arrematados no passado estão mais próximos a Abrolhos do que estes. O Ibama da dona Suely foi quem deu a licença.” Como de hábito, Salles não mostrou nenhum documento para substanciar a acusação. Mas ‘dona Suely’ desmentiu Salles: “entre junho de 2016 e dezembro de 2018, período da minha gestão no Ibama, não assinei nenhuma licença nem documento algum sustentando a possibilidade de leilões de blocos de petróleo em área próxima a Abrolhos”.

 

ClimaInfo, 9 de maio de 2019.