No lugar do arroz orgânico, uma mina de carvão

protesto Jacuí

O Eco relata a manifestação “contra um projeto de instalação de uma mina a céu aberto às margens do rio Jacuí, entre os municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas, na Região Metropolitana da capital gaúcha” que aconteceu na 3ª feira (14), em Porto Alegre.

 

A Mina Guaíba é um projeto da Copelmi que, com recursos da China e dos EUA, quer extrair carvão mineral para a termelétrica Jacuí 1, atualmente em construção, e para um futuro Polo Carboquímico.

 

Heverton Lacerda, da Agapan, disse que a mina “fica a pouco mais de 20 quilômetros de Porto Alegre e muito próximo do rio Jacuí, principal contribuidor (85%) do Guaíba, que abastece Porto Alegre e cidades próximas”.

 

A mina fica exatamente na área de maior produção de arroz orgânico da América Latina, dentro do Assentamento Apolônio Carvalho, onde vivem 72 famílias que teriam de ser removidas do local.

 

A história da Jacuí 1 foi contada pelo Fantástico em 2013, desde os anos 1980, como se esta fosse uma alma gêmea de Angra 3. “Nos depósitos (…) estão os equipamentos, importados da Alemanha em 1987 pelo equivalente hoje a R$ 500 milhões.”

 

O projeto foi retomado no ano passado em associação com os japoneses.

 

Uma outra matéria, do Portal de Notícias, cita o governador Sartori usando a palavra ‘sustentável’ a rodo para descrever a nova termelétrica: “O fator decisivo para esse empreendimento é a chamada tecnologia Ultra Super Crítica, que minimiza emissões atmosféricas poluentes e maximiza a energia gerada a partir da queima do carvão.”

 

Em tempo: como todos sabem, o carvão é composto de muito carbono e um pouco de enxofre. Pode-se usar a melhor tecnologia de ponta, mas, no final, se bem queimado, o carbono vira CO2 e o enxofre vira SO2. Simples assim. Tecnologias mais modernas geram mais eletricidade por unidade de carvão, mas continuam a poluir a atmosfera com carbono do mesmo jeito.

 

 

ClimaInfo, 16 de maio de 2019.

 

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