Por estradas e portos, governo Bolsonaro quer reduzir quase 70 Florestas Nacionais e outras unidades de conservação da biodiversidade

Florestas Nacionais

O governo trabalha em um projeto de lei para reduzir o tamanho de quase 70 Florestas Nacionais e outras Unidades de Conservação (UCs) que, segundo avaliação do próprio governo, têm “interferências” com estradas, ferrovias e portos.

André Borges, do Estadão, teve acesso a um ofício do Ministério da Infraestrutura que contém um levantamento das UCs federais (Parques Nacionais, reservas biológicas e monumentos nacionais) que são atravessadas ou margeadas por estradas, ferrovias, sendo oito delas têm “interferências” com pequenos aeroportos, segundo o governo.

O documento diz que “a regularização dessa situação é necessária tanto para segurança jurídica da infraestrutura quanto para garantir a efetiva preservação ambiental (…) Para tanto, entendemos que é preciso que haja a desafetação ou a redução dos limites dessas unidades.”

O ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, havia proferido mais uma das suas mentiras ao afirmar, no mês passado, que parte das UCs “foi criada sem nenhum tipo de critério técnico.” Como usual, ele não apresentou nenhuma prova, sequer evidência, de alguma delas ter sido criada sem um extenso embasamento técnico.

Márcia Hirota, da SOS Mata Atlântica, criticou a eventual redução das áreas de áreas protegidas: “o que a sociedade precisa saber é quais são esses conflitos que prejudicam a relação entre o desenvolvimento e as áreas protegidas, caso a caso, pois essa priorização à infraestrutura em detrimento à conservação ambiental não é necessária. É possível um equilíbrio, mas para isso é necessário que sejam feitos estudos detalhados e aprofundados com base técnica e participação das comunidades locais e discutidos com a sociedade, assegurando assim a integridade dessas áreas e dos serviços que prestam ao Brasil. Pois, ao que se entende, quem perde neste ajuste é, mais uma vez, o meio ambiente e a sociedade.” André Borges ouviu ainda gente dos ISA, Greenpeace, WWF e outras ONGs ambientalistas.

A lista completa das UCs possivelmente afetadas está nesta outra matéria de Borges.

Uma das UCs afetadas é a Estação Ecológica Tamoio, onde Bolsonaro foi flagrado pescando ilegalmente. Não passa nenhuma estrada nem ferrovia – nem há portos – no conjunto de ilhas da Baía da Ilha Grande que formam a Estação. Nesse caso, a alteração deve estar sendo proposta para deixar o bote do presidente passear em paz.

Outra área incluída na lista é a Floresta Nacional do Jamanxim. Esta UC, e UCs vizinhas, perderam áreas durante o governo Temer, inclusive para a eventual passagem da ferrovia de escoamento de soja, a Ferrogrão. Pelo jeito o desejo é cortar um tanto a mais para os grileiros que as têm invadido.

 

ClimaInfo, 13 de junho de 2019.

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