Entrevistando o ministro Salles para a rádio Jovem Pan, Augusto Nunes levantou muitas bolas para o ministro cortar e não desafiou nenhuma afirmação. O tema, claro, foi o Fundo Amazonas.
Salles torturou vários números na artilharia que disparou contra as ONGs, dizendo que estas foram beneficiadas em detrimento dos governos estaduais e federal. Na verdade, o site do Fundo mostra que 60% dos recursos até hoje empregados foram para as várias esferas de governo.
O ministro também afirmou que os projetos foram aprovados sem critério e sem licitação, mesmo sabendo que as regras do Fundo não preveem que licitações sejam feitas. Assim como estas regras não preveem uma “estratégia integrada” para os projetos. E, como pode atestar qualquer organização que tenha submetido um projeto ao Fundo, os critérios e exigências são extremamente rigorosas e passam periodicamente por auditorias igualmente rigorosas.
Salles disse ainda que o dinheiro foi doado para o Brasil e, portanto, os doadores não podem dar palpites na destinação dos recursos. Ele diz que o governo tem o direito de fazer o que quiser com o dinheiro (só falta combinar com os russos, ôps, com os noruegueses e alemães).
Nunes e Salles acham que o Fundo faz parte da falaciosa e famosa “caixa-preta do BNDES”, cuja existência já foi desmentida por sucessivos presidentes e diretores do Banco.
Como em todas as vezes passadas, Salles não dá nome aos bois, não apresenta dados, não diz quais projetos estão irregulares e dispara generalidades para condenar a gestão do Fundo até o ano passado. O saldo da entrevista era previsível: as ONGs são bandidas, Salles e Nunes são os santos que salvarão o país.
Em tempo: Salles terá outro pepino pela frente. O BNDES obteve o credenciamento junto ao Green Climate Fund (GCF) e está apto a gerir recursos eventualmente destinados a projetos brasileiros. É um reconhecimento da qualidade da governança do Banco, algo que Salles, Nunes e outros procuram atacar constantemente.
A notícia saiu n’O Globo.
ClimaInfo, 16 de julho de 2019.
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