O carvão quer crescer no Rio Grande do Sul

19 de agosto de 2019

Enquanto quase todo o mundo se esforça para deixar o carvão mineral enterrado, o Rio Grande do Sul discute um projeto daquela que pode vir a ser a maior mina de carvão a céu aberto do país. O projeto é da empresa Copelmi, que, como ela se descreve, detém “80% do mercado industrial e 18% do total do mercado de carvão mineral nacional.”

O projeto está repleto de polêmicas. A começar pela sua localização: a mina Guaíba está na região do baixo Jacuí, a menos de 30 km do centro de Porto Alegre, a 500 metros de uma Área de Preservação Ambiental e a um quilômetro do Parque Estadual Delta do Jacuí. Marcelo Sgarbossa, no Sul 21, conta que os impactos da mina ameaçam 40 comunidades indígenas e outras 40 colônias de pescadores artesanais num raio de 100 quilômetros. “A Mina Guaíba também deve atingir um assentamento da reforma agrária, responsável por parte da produção de arroz orgânico e outros produtos vendidos nas feiras de hortifrutigranjeiros da Capital.”

Outra matéria do Sul 21 fala da importância deste assentamento e as pressões que já estão sofrendo por parte das autoridades.

Organizações da sociedade civil estão discutindo e se opondo ao projeto, por entender que este acarretará o deslocamento forçado de comunidades e a desterritorialização, sem contar com os riscos de contaminação e intoxicação.

Basta lembrar os desastres da Vale em Mariana e Brumadinho para se ficar com o pé atrás. E num período em que a legislação ambiental e seu poder de controle se esfacelam a cada dia.

Cláudio Isaías, diz no Correio do Povo que “diante do impacto socioeconômico que esse projeto pode causar, é necessário um movimento mais organizado e mais esclarecido por parte do Poder Legislativo, a fim de defender os interesses da população gaúcha, levando em consideração os custos ambientais, sociais e econômicos do projeto.”

O Jornal do Comércio deu uma matéria em maio, favorável ao projeto, por conta do seminário “Novos aproveitamentos para o carvão mineral RS – Tecnologias inovadoras”. A mina ocupará uma área de 4.000 hectares (40 km2), de onde pretende-se escavar 166 milhões de toneladas de carvão mineral para vários usos, como uma termelétrica para gerar eletricidade, uma planta de gaseificação para produzir gás pobre e até a construção de um polo carboquímico para produzir precursores de plásticos, ureia, amônia e metanol.

Em tempo: amanhã, terça-feira, 20 de agosto, a partir da 18h, o Ministério Público realiza uma audiência sobre projeto Mina Guaíba, no Auditório do Ministério Público Estadual, na Av. Aureliano Figueiredo Pinto, 80. Este é o link para inscrições. O Extra Classe comentou.

 

ClimaInfo, 19 de agosto de 2019.

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