Desmatamento e (des)governo ameaçam a economia

21 de agosto de 2019

Bill Udell, executivo da área de riscos, falou sobre a situação do país e das empresas que aqui atuam à Bárbara Nascimento, do Estadão. Disse que o ruído provocado pelo governo está no radar de muitas organizações. “Não sei se as empresas já estão no ponto de tomar uma decisão econômica com a intenção de marcar uma posição. Mas há definitivamente uma percepção, na sociedade, de que as empresas se importam com a Amazônia de uma forma com a qual não se importam com outros assuntos. E acho que, se o risco continuar ou piorar, isso poderia gerar impactos negativos para a economia”.

Para Míriam Leitão, d’O Globo, estamos na rota de uma tempestade perfeita. De um lado, um governo com uma política ambiental desastrada e que, ainda por cima, destrata governantes de países parceiros. De outro, a guerra comercial entre a China e os EUA que parece empurrar a economia mundial para outra recessão. “Para se ter ideia do que já aconteceu: Os investidores estrangeiros sacaram R$ 19,1 bilhões da bolsa brasileira este ano. Somente em agosto foram R$ 8,7 bilhões (…) no meio desses tremores, o governo brasileiro toma decisões erradas na área ambiental. O Brasil ficará exposto nos próximos meses em eventos como o Sínodo da Amazônia, a COP do Chile, o número oficial do desmatamento anual, PRODES, que o INPE normalmente divulga entre outubro e novembro. E se o governo tentar esconder será pior. A política ambiental alimenta o risco de barreira ao produto brasileiro. Às crises externas podem se somar aos erros cometidos pelo governo Bolsonaro. Essa é a tempestade que se forma.”

Hélio Schwartsman, na Folha, escreveu um artigo provocador, levando a sério a paranoia do Planalto de que há países que querem comprar a Amazônia e imaginando que alguém faça o negócio. “A população local obteria cidadania de país rico e experimentaria um longo ciclo de desenvolvimento. O resto dos brasileiros receberíamos uma bolada pela cessão da “soberania”, que usaríamos com sabedoria, rasgando as amarras que ainda nos prendem ao grupo das nações de renda média. Mais importante, o planeta seria enormemente favorecido com a preservação total da floresta, que exerce importante papel na regulação do regime de chuvas e do clima. Também ganhariam espécies biológicas que ainda nem identificamos, mas já estão sendo dizimadas com a derrubada de partes da floresta.” Ele usa o ‘negócio’ para apontar que certos tipos de ‘nacionalismo’ são puramente patológicos.

O governador do Pará, Helder Barbalho, manifestou sua preocupação com o desmatamento e a ameaça de retaliação a produtos brasileiros. Segundo Johanns Eller, da Época, ele “reconhece o descontrole da situação e prevê consequências econômicas internas e externas se o quadro não for revertido.”

Editorial do Valor ecoa falas de gente do agronegócio preocupada com as repercussões negativas do aumento do desmatamento e de atitudes do presidente, como no caso do INPE. “A ameaça de mudança de termômetro do desmatamento apenas amplifica as desconfianças, pois os levantamentos disponíveis, do INPE e de ONGs, apontam aumento da destruição ambiental. O governo não o coíbe, não mostra preocupação, o que na prática é um incentivo velado ao ataque ambiental.”

Guga Chacra postou, no seu Twitter, o seguinte recado: “CEOs da Apple, JP Morgan, Amazon, Walmart, Pepsi e de outras 200 das maiores empresas dos EUA dizem que preocupação com o meio ambiente deve ser uma das prioridades de suas companhias. No Brasil, talvez alguns os chamassem de ‘comunistas’.”

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