O agronegócio não precisa desmatar para crescer, assim como não precisou da escravidão para tal

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Sergio Leitão mostra no Nexo que o agronegócio não precisa mais desmatar um hectare para continuar crescendo a taxas acima da economia do país. Ele menciona um estudo do Instituto Escolhas feito em 2017 que mostrou que o PIB brasileiro não é afetado se o desmatamento for zerado.

Leitão faz uma analogia histórica interessante. Conta que a luta pela abolição de Joaquim Nabuco enfrentou resistência do agronegócio de então. Nabuco fez viagens ao exterior e foi chamado de antipatriótico e de sujar a imagem do país lá fora. Nabuco retorquiu dizendo que “a opinião pública do mundo parecia-me uma arma legítima de usar em uma questão que era da humanidade toda e não somente nossa. [Fui] a toda parte onde uma simpatia nova por nossa causa pudesse aparecer, trazendo-lhe o prestígio da civilização. Se havia falta de patriotismo em procurar criar no exterior uma opinião que nos chegasse depois espontaneamente com a grande voz da humanidade, não posso negar que fui um grande culpado.”

O artigo termina dizendo que “a agricultura e o agronegócio brasileiros não dependem de grilagem e de criminosos. Os players sérios, e que de fato fazem a diferença na balança comercial e na economia do país, sabem bem disso, mas serão os primeiros prejudicados se não estabelecerem essa separação do joio do trigo. Dessa forma, é hora de reafirmar que o interesse nacional e nossa economia não dependem do desmatamento, assim como no passado se teve coragem de fazer contra a escravidão, mesmo que de forma tardia e com tantos custos à humanidade.”

 

ClimaInfo, 17 de outubro de 2019.

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