Economistas subestimaram o custo da crise climática

A constatação é de Sir Nicholas Stern e de Naomi Oreskes, professora de Harvard. Em um artigo no New York Times, Stern e Oreskes apontam para dois grupos de estimativas erradas. O primeiro vem da própria ciência climática que está constatando que o clima está mudando mais rapidamente do que se supunha. Logo, os impactos estão sendo sentidos antes do que se esperava. Mas o foco dos autores é o segundo grupo: o dos economistas. Eles comentam um trabalho recente do Instituto Grantham, associado à London School of Economics, dizendo que “muitas das recomendações técnicas sobre os riscos [para as vidas e seu sustento devidos à mudança do clima] (…)  omitem ou subestimam os maiores impactos potenciais das alterações climáticas.”

Stern e Oreskes dizem que o primeiro grande erro ocorre porque a humanidade nunca passou por algo assim. Sem um quadro claro dos acontecimentos, os economistas tratam o clima como uma pequena perturbação em uma curva de crescimento econômico ascendente.

O segundo grande erro vem do fato da ciência não poder quantificar a importância de parâmetros como a biodiversidade ou a acidificação dos oceanos. Por ficar sem um valor, os modelos econômicos simplesmente ignoram esses riscos.

O terceiro erro é, talvez, o maior. Muitas das consequências do aquecimento global acontecem em cascata. O aumento da temperatura reduz a produção de alimentos, levando à desnutrição generalizada, diminuindo a capacidade das pessoas de suportar o calor e doenças, impossibilitando sua adaptação às mudanças climáticas.

Os autores pedem urgência no enfrentamento da crise: “Se esperarmos para ter mais certezas, a única certeza é que vamos nos arrepender.”

Sir Nicholas ficou conhecido ao publicar o primeiro estudo de fôlego sobre os impactos que a mudança climática teria sobre a economia mundial. As contas feitas em 2006 mostraram que não fazer nada sairia muito mais caro do que tomar ações para mitigar as emissões.

 

ClimaInfo, 25 de outubro de 2019.

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