Fazer os culpados pagarem pelo aquecimento global

ExxonMobil NY

Em Nova York, a megapetroleira ExxonMobil está tentando se defender nos tribunais da acusação de que enganou acionistas e investidores quanto aos riscos que a mudança climática traria ao seu negócio e quanto à sua responsabilidade por aumentá-la.

Um artigo interessante publicado no Politico conta um pouco da história de como dois avanços neste século deram lastro às acusações que a Exxon e suas parceiras no crime climático estão enfrentando. O primeiro foi o mapeamento das emissões da queima de combustíveis fósseis e de processos industriais desde o século 19, percorrendo as histórias de nascimentos, fusões e falências das empresas responsáveis. Em 2013, um trabalho mostrava inequivocamente que apenas 90 empresas eram responsáveis por cerca de ⅔ das emissões globais. Tamanha disparidade ajudou a mudar a percepção de que o culpado pelas emissões era o consumidor, aquele que queimava o petróleo em seu carro, e não a Exxon que o explorava e vendia.

O outro avanço foi o crescente conhecimento de como atribuir o aquecimento global produzido pela humanidade a eventos climáticos. Mais poder computacional e modelos mais acurados permitiram, por exemplo, afirmar que o aquecimento global respondeu por um aumento de 38% no volume de água que o furacão Harvey despejou sobre Houston em 2017.

A metade final do artigo fala dos argumentos levados aos tribunais nos EUA para processar empresas e o próprio estado pelos impactos pessoais e financeiros da mudança do clima. Por enquanto, não houve nenhuma grande vitória nas cortes. Mas o artigo diz que a opinião pública passa a apoiar cada vez mais o entendimento de que existem responsáveis pela mudança do clima e que é preciso apresentar a conta.

 

ClimaInfo, 1 de novembro de 2019.

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