Brasil ganha segundo “Fóssil do Dia” e é acusado por países em desenvolvimento de tentar bloquear avanço da COP25

dois “Fósseis do Dia”

Não é um hexa, mas é um recorde: pela primeira vez na história, o Brasil ganha dois “Fósseis do Dia” numa mesma COP. O segundo veio ontem, pela Medida Provisória assinada esta semana pelo presidente eleito. Como relata Claudio Ângelo a O Eco, “o ato do presidente é um estímulo à grilagem e à impunidade e tem potencial de elevar as emissões por desmatamento a ponto de deixar as metas brasileiras no Acordo de Paris fora de alcance. Um conta preliminar do Imazon mostra que, no melhor caso, 600 milhões de toneladas de CO2 a mais podem ser emitidas até 2027 por desmatamento na área beneficiada pela MP. O efeito real pode ser muito pior, porém: 44% da Amazônia está em Terras Públicas, inclusive Terras Indígenas e Unidades de Conservação, e anistias em série a grileiros (uma já foi dada em 2017 por Michel Temer), combinadas ao discurso de Bolsonaro, tendem a estimular a invasão indiscriminada dessas áreas.”

O Brasil parece ter potencial para quebrar seu próprio recorde: países em desenvolvimento estão acusando a delegação brasileira de tentativas de bloquear o progresso da reunião. Uma questão que despertou ira entre os negociadores foram as tentativas de Brasil, China, Índia e Arábia Saudita de incluir no acordo geral de Madri uma reavaliação de prazos anteriormente previstos para 2020 – especialmente os dos compromissos de países ricos. Ouvido pela BBC, Carlos Fuller, negociador-chefe para o grupo dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, disse que o foco em retroceder por parte desses países que são grandes emissores não ajuda no progresso da agenda. “Há um esforço em curso para bloquear os termos ‘urgência climática’ do texto por parte do Brasil e da Arábia Saudita, dizendo que não usamos esses termos antes na ONU, então não podemos usar agora”, disse Jennifer Morgan, diretora executiva do Greenpeace Internacional.

 

ClimaInfo, 12 de dezembro de 2019.

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