Repúdio ao evangélico indicado para área de Povos Isolados da Funai

Povos Indigenas Isolados

O governo convidou Ricardo Lopes Dias, ex-missionário evangélico, para assumir a área da Funai que zela pelos Povos Indígenas Isolados na Amazônia. São pelo menos 114 Povos Indígenas Isolados que podem ser impactados pelas decisões de alguém que passou dez anos trabalhando com a evangelização de indígenas em nome de uma organização chamada Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB).

Segundo o El País, “Lopes Dias não faz parte dos quadros da fundação e só poderá assumir o cargo porque, na última 5ª feira, o presidente do órgão federal indigenista, Marcelo Xavier da Silva, alterou o regimento interno para permitir que pessoas que não sejam servidoras de carreira assumam cargos comissionados de comando.”

As organizações diretamente envolvidas com a questão indígena se posicionaram rapidamente contra. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) soltou uma nota dizendo que o governo troca uma gestão pautada na ciência por uma orientação “neocolonialista e etnocida, de atração e contato forçados, com o uso do fundamentalismo religioso como instrumento para liberar os territórios destes Povos à exploração por grandes fazendeiros e mineradores”.

A Associação dos Povos indígenas do Brasil (Apib) também se posicionou dizendo que “há inúmeras situações onde o contato forçado provocado por grupos missionários, inclusive ligados à MNTB, teve como rápida consequência um elevado número de mortes por doenças”, diz a nota da entidade. “Há um rápido desmonte das políticas públicas direcionadas aos Povos Indígenas por parte do governo Bolsonaro, por meio da submissão da política indigenista a interesses de grupos religiosos que dão suporte ao seu governo e, em muitos casos, a grupos ruralistas interessados pelas terras tradicionalmente ocupadas por esses Povos.”

 

ClimaInfo, 03 de fevereiro de 2020.

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