Chuvas extremas do começo do ano mostram que as cidades brasileiras não estão preparadas para a mudança do clima

11 de fevereiro de 2020

As chuvas que caíram em SP nos últimos dias e as que caíram em BH mostram claramente que estão despreparadas para o que vem pela frente. Pior, parecem estar no fundo do buraco e cavando. Há muito tempo se sabe que o aquecimento global trará eventos climáticos mais extremos e mais frequentes. Marcelo Leite, na Folha, foi na mosca: “Pois os dois problemas são precisamente esses dois: cairão chuvas cada vez mais intensas, como avisam há décadas pesquisadores do clima, e governantes continuarão tentando tirar o corpo fora e insistirão em obras erradas em sua concepção”,  referindo-se a piscinões, canalizações e mais avenidas expressas que, junto com a urbanização costumeira, acabam impermeabilizando o solo. Leite alerta que “médias históricas não servem mais para planejar a rede de drenagem. Não faz sentido continuar insistindo em represar águas, pois os engenheiros não têm chance de vencer essa luta com a mudança do clima. Está na hora de rever os pressupostos e chamar urbanistas, climatologistas e ambientalistas para a mesa de discussão. Em lugar de construir mais pistas nas avenidas marginais, aumentando a impermeabilização do solo, que tal devolver as áreas de várzea para os rios e parar de aprisioná-los com cimento?”

Nabil Bonduki, também na Folha, foi feliz no título do seu artigo: ”Com chuvas cada vez mais intensas, rios que viram ruas voltarão a ser rios”.

Em tempo 1: o Estadão checou os registros e constatou que São Paulo já teve três “chuvas da década” em menos de quatro anos.

Em tempo 2: as mudanças climáticas vão ampliar os riscos sociais e ambientais existentes e criar novos riscos para as cidades. “Compreender e antecipar essas mudanças ajudará as cidades a se preparar para um futuro mais sustentável. Isso significa tornar as cidades mais resistentes a desastres relacionados ao clima e gerenciar riscos climáticos de longo prazo de maneira a proteger as pessoas e incentivar a prosperidade”.

Em tempo 3: é a economia – o comércio de SP estima que as chuvas causaram um prejuízo de R$ 110 milhões.  Já os produtores de café da região de Matas das Minas, a segunda maior em MG, contabilizam prejuízo entre R$ 3 e R$ 5 milhões por município.

 

ClimaInfo, 12 de fevereiro de 2020.

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