Uma das formas de coibir o desmatamento é rastrear o rebanho bovino e garantir que, em momento algum, cada boi tenha passado por pastos abertos a partir da supressão da floresta. O rebanho dos estados de Pará e Mato Grosso corresponde, em média, a 25% do total nacional. Isso quer dizer que 75% do rebanho não passa perto do desmatamento na Amazônia. Mas, por causa destes 25%, os grandes conglomerados de carne, como a JBS, dizem que não conseguem garantir que sua carne não tenha passado por áreas desmatadas, apesar de terem prometido exatamente isto há mais de dez anos.
O The Guardian ouviu o senador Fabiano Contarato, presidente da Comissão de Meio Ambiente da casa. O senador entende que “os fatos são sérios e precisam ser investigados rigorosamente. Isto é uma forma de lavagem de gado”. A frase é interessante pelas interpretações que sugere. Além de indicar a venda de produtos falsificados, há quem diga que o boi é uma excelente maneira de lavar dinheiro de outros ilícitos. O pessoal do Mongabay também comentou sobre a JBS no contexto de novos contratos de venda de carne para a China.
Em tempo: Foi lançada uma campanha na Europa para que se aplique uma taxa de sustentabilidade sobre a importação de todo tipo de carne. A taxa tem um duplo propósito, reduzir a competitividade de quem produz carne sem zelar pelo meio ambiente e sinalizar ao europeu que ele consome mais carne do que devia. Assis Moreira, do Valor, escreve que os proponentes preconizam “a aplicação de diferentes taxas a partir de 2022 conforme o tipo de carne e seu impacto sobre o ambiente. Baseado em dados da FAO sobre o consumo europeu, propõe aumentos de 47% sobre 100 gramas de carne bovina, 36% por 100 gramas de carne suína e 17% por 100 gramas de carne de frango.” Com isso, esperam que até 2030, haja uma redução de ⅔ no consumo de carne bovina, mais da metade da carne suína e ⅓ da carne de frango. Os recursos arrecadados serviriam para estimular produtores europeus a buscarem novos produtos não animais.
ClimaInfo, 21 de fevereiro de 2020.
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