Crescimento dos fundos passivos de investimento aprofundam a crise climática

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As notícias do mundo financeiro vivem falando de fundos de investimento que prometem tirar ou reduzir a participação dos fósseis em seus portfólios. Pelo menos a parte dos fundos geridos por seres humanos, os gestores de ativos.

O problema é que a outra parte dos fundos estão mais e mais sendo controlados por algorítmos e inteligência artificial, e são programados para analisar a quantidade brutal de dados de performance de ações e de empresas. Sem levar em conta que o clima mudou. Como o histórico desses fundos passivos garante mais segurança, parte importante dos recursos de indivíduos aos trilionários fundos de pensão acaba se dirigindo a estes fundos passivos.

Um artigo na New Statesman relata que nas estimativas de analistas para os EUA, 60% dos recursos disponíveis são administrados por algoritmos. E, para estes, o setor fóssil atrai pelo tamanho dos retornos e pela segurança do histórico de operações. Hora, segundo o artigo, de apontar a artilharia para os passivos, ou ensiná-los que o clima mudou.

Em tempo: as grandes seguradoras no mundo rico sabem que a mudança do clima é para valer e começam a reduzir sua exposição simplesmente evitando operações em áreas ou atividades climaticamente de risco. Seguros residenciais em áreas da Califórnia cercadas de florestas ou no litoral da Flórida estão cada vez mais caros, quando encontrados. Com isso, diz uma matéria da Grist, cada vez mais proprietários acabam recorrendo a programas subsidiados pelo governo e, portanto, cobertos pelo contribuinte. E o mesmo movimento está acontecendo com as operações de hipotecas que, nas áreas de risco, acabam parando nos enormes programas governamentais americanos. “Com 4 graus [de aumento de temperatura], se não antes, veremos um mundo sem seguros”, diz Sue Reid, da Ceres, uma organização sem fins lucrativos voltada para práticas sustentáveis no mundo dos negócios. Ela continua profetizando que, em um futuro aquecido, as operações atuais de seguradoras, bancos e outros agentes financeiros deixarão de ser viáveis.

 

ClimaInfo, 6 de março de 2020.

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